História : Acróbata da dor
Publicada dia 9 de agosto de 2022
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, enfiado
de uma ironia e de uma dor violenta,
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta gravoche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta…
Pedem-te bis e um bis não se despreza!
Vamos! Retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d’aço…
E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço…
Cruz e Souza,
Tribuna do Norte, 1º/6/1930