Vanguarda Literária : ALBERTO DE OLIVEIRA: UM CLÁSSICO DA POESIA

O Poeta Alberto de Oliveira nasceu em Saquarema (RJ) em 1857.Viveu oitenta anos. Teve o privilégio de ser contemporâneo de vários acontecimentos importantes na História do nosso país,entre eles: a abolição da escravatura, a Proclamação da República, a Revolta do Forte de Copacabana, a Revolução Constitucionalista de 32 e a Ascenção de Vargas ao poder.Teve atuação na Imprensa e no Magistério. Ao lado de Machado de Assis fundou, em 1897, a Academia brasileira de Letras, assumindo a Cadeira Número Oito. Em 1924 foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros, substituindo Olavo Bilac. Ao contrário de Bilac que pregava a participação efetiva dos escritores nos problemas sociais, ALBERTO DE OLIVEIRA era um homem discreto, um típico homem de letras. Sua Poesia era considerada, por alguns críticos, em relação a Bilac, sempre mais fria e intelectual nos temas e mais rebuscada e complexa na forma. Seus escritos indicam que ele teve faces e não fases, coexistindo na sua Obra Poética as faces da intelectualização, sentimental, lírica, descritiva e até satírica. Publicou inúmeras Obras. Em “CANÇÕES ROMÂNTICAS”, apreciamos a sua face sentimental; no poema “O ÍDOLO” surge a sua poesia descritiva; no livro “CHEIRO EM FLOR” manifesta-se a sua veia satírica.
O certo é que ele tinha amor ao verso pelo verso, à rima pela rima,à pureza do conteúdo, sendo,considerado pelo grande Poeta manuel Bandeira como “O parnasiano que mais se deixou prender aos rigores do parnasianismo”. O seu sucessor na Academia Brasileira de Letras, o escritor Oliveira Viana o considerava “Um romântico de formas clássicas”. O consagrado crítico literário Agripino Grieco, a seu respeito escreveu: “Ao invés de beber vinhos de Chipre em taças escultadas , ele bebe a água da serra em folha de taioba, mostra-se adorável de graça e de ternura”. Eis um dos marcantes sonetos desse Poeta maravilhoso, glória da Litaratura Nacional:

AGORA É TARDE PARA NOVO RUMO

Agora é tarde para novo rumo
Dar ao sequioso espírito, outra via,
Não terei de mostrar-lhe à fantasia
Além desta em que peno e me consumo.

Aí, de sol nascente a sol prumo,
Deste ao declínioe ao desmaiardo dia,
Tenho ido empós do ideal que me alumia
Ao lidar com o que é vão, é sonho, é fumo.

Aí me hei de ficar cansado,
Cair inda abençoando o doce e amigo
Instrumento em que canto e a alma me encerra.

Abençoando-o por sempre andar comigo
E, bem ou mal, aos versos me haver dado
Um raio de esplendor da minha terra !