Analistas elevam projeção de inflação para 2016, revela Focus

O seleto grupo de instituições financeiras que mais acerta previsões de indicadores econômicos brasileiros passou a ver um cenário de inflação mais alta e juros ainda elevados no País, pelo menos até o próximo ano. No relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira, 22, pelo Banco Central, as cinco casas que mais acertam – o chamado Top 5 – elevaram de 7,41% para 7,51% a projeção para a inflação em 2016
É a pior estimativa desde 17 de março, quando a presidente Dilma Rousseff ainda não havia sido afastada.

Com os preços de alimentos e bebidas em alta, dificultando o controle da inflação no curto prazo, as instituições do Top 5 ainda não veem espaço para juros menores no Brasil. De acordo com o relatório Focus, elas passaram a prever que o Banco Central terminará 2016 sem promover cortes na Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 14,25% ao ano. Uma semana atrás, elas projetavam corte de 0,50 ponto porcentual ainda este ano. Considerando todos os analistas da Focus, há ainda uma expectativa de que a Selic termine 2016 em 13,75%.

Desde a divulgação, no início de agosto, do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho, economistas do mercado vêm revendo projeções para a alta de preços. Isso porque o indicador mostrou inflação ainda acelerada, de 0,52% em julho, sendo que alimentos e bebidas foram os principais responsáveis pela pressão.

Considerando todo o conjunto de analistas que incluem projeções no relatório Focus, a inflação estimada para 2016 é de 7,31% – menos que os 7,51% do Top 5, mas superior à meta do Banco Central para o ano, de 4,5%, com dois pontos porcentuais de tolerância.

Virada

As projeções dos economistas sugerem, no entanto, que 2017 pode ser o ano da virada. As projeções para o IPCA no próximo ano, considerando todas as instituições que participam do relatório Focus, apontam para uma taxa de 5,12%. Uma semana antes, estava em 5,14%. No grupo das 5 casas que mais acertam, a projeção para 2017 seguiu em 5,25%. A meta perseguida pelo BC para o próximo ano também é de 4,5%, mas com margem de tolerância menor, de 1,5 ponto porcentual.

Em suas comunicações mais recentes, o Banco Central e o presidente da instituição, Ilan Goldfajn, ressaltaram que o foco é conduzir a inflação para o centro da meta em 2017, uma tarefa considerada “desafiadora e crível”.

Para o próximo ano, os economistas do mercado também projetam uma Selic mais baixa. No conjunto de instituições que abastecem o relatório Focus, a previsão é de uma taxa básica de juros de 11% ao ano no fim de 2017. Já as instituições do Top 5 projetam juros de 11,25%.
A estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2017 subiu de 1,10% para 1,20% no relatório. O ano de 2016, porém, está mesmo perdido: os economistas do mercado projetam retração de 3,20% na economia.