Proseando : ANTIBULLYING

Em uma escola na cidade de Alcunhândia, discussões e brigas estavam ficando insustentáveis. Até mesmo dentro das salas de aula professores sofriam para apagar incêndios. O motivo? O tão desprezível bullying.

Sobre o menino obeso, gritavam e gargalhavam:

— Rolha de poço! Chupeta de baleia!

Sobre a menina magérrima e alta, gritavam e riam:

— Vara de bambu! Tripa seca!

Sobre o menino de orelhas enormes, gargalhavam e gritavam:

— Dumbo! Orelha de abano!
Sobre a menina sardenta, riam e gritavam:

—Enferrujadinha! Banana pintadinha!

E sobre o professor baixinho e careca? E sobre a merendeira de cabelos arrepiados? E sobre o diretor de verruga na ponta do nariz? E sobre a mulher tagarela da limpeza? Quer saber? Quer saber mesmo? Ah, não conto! Não sou fofoqueiro e não gosto de bullying.

O fato relevante é que um dos professores teve uma ideia genial: escreveu uma poesia que foi decorada por todos os alunos. E, desde então, o bullying foi extinto daquele estabelecimento de ensino, pois, o mais importante não é a forma, é o conteúdo.

O QUE É QUE TEM?

Tem gente que tem orelha grande, tem piercing no umbigo, verruga no nariz.

E o que é que tem?

Tem gente que tem cabelo curto, comprido, colorido… tem gente que nem tem.

E o que é que tem?

Tem gente que não ouve direito, que não enxerga bem…

Tem gente que prefere ficar no seu cantinho.

E o que é que tem?

Tem gente magricela ou magricelo, tem baixinha, tem baixinho, comilona e comilão.

E o que é que tem?

Tem gente afra, branca ou amarela, de sapato, de chinela e de pés no chão.

E o que é que tem?

Não importa se somos diferentes.
— Gente sempre é gente!
Você e eu também!

 

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