Editorial : Brasil 1,5 x Argentina 1
O plebiscito que determinou a saída do Reino Unido (Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) da União Europeia, ocorrido na quinta-feira (23), continuará sendo o principal assunto econômico por muito tempo. Durante os dois anos estabelecidos para negociação de acordos bilaterais e acertar detalhes do ‘abandono’ britânico, as bolsas do mundo inteiro e o câmbio vão flutuar, hora para baixo, hora para bem baixo, e às vezes uma leve subida.
Aliás, tem sido assim, desde o anúncio do resultado da escolha dos britânicos: a bolsa caiu, a Libra e o Euro sofreram com desvalorização, algumas empresas já anunciaram que não terão condições de manter funcionários, investimentos e arcar com compromissos pré-assumidos – um caos econômico e que tem seu eco em todas as partes do mundo.
O fim de tudo isso, ainda não sabemos. Embora haja previsões, é cedo para decretar uma determinada situação predominante. Certo é que, no primeiro momento a União Europeia perde; em um segundo momento não dá para saber se será bom, no aspecto econômico, ou ruim para o Reino Unido. De qualquer forma isso serve ainda para estimular mais ainda antigos ideais de unificação das Irlandas e a separação da Escócia – enfraquecendo o Império.
Ademais, a saída do Reino Unido tem recebido críticas de várias partes do mundo, isso porque hoje os países buscam, mais do que nunca, formar alianças para acordos bilaterais de cooperação e comercialização.
Neste sentido, nós, pertencentes ao Mercosul, por exemplo, temos muito a aprender, pois parece que o bloco sempre patina para sair do lugar.
De boa notícia, esta semana tivemos a confirmação de que o Brasil e a Argentina renovaram até 2020 o acordo automotivo entre os dois países, que venceria no dia 30 de junho. Em nota divulgada pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o Governo informou que foi mantido o sistema flex, que prevê que o Brasil poderá vender, com isenção de impostos, no máximo, US$ 1,5 para cada US$ 1 importado do país vizinho.
O novo acordo prevê que, a partir de 1º de julho de 2019, se alcançadas as condições para o aprofundamento da integração produtiva e o desenvolvimento equilibrado de estruturas produtivas e de comércio, o flex do comércio bilateral do setor automotivo será de US$ 1,7 para cada US$ 1, após prévio acordo entre as partes.
Em linhas gerais, o Brasil tentava ampliar a margem do chamado sistema flex. Já a Argentina queria estender às autopeças do país o regime Inovar Auto, que prevê isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados de fabricantes brasileiros que cumprem metas de investimento em pesquisa e de desenvolvimento de novas tecnologias.
Como informação, o mecanismo conhecido como flex (nada tem a ver com bicombustível) prevê que cada US$ 1 que a Argentina vende ao Brasil em autopeças e veículos, as montadoras brasileiras poderão exportar ao país vizinho US$ 1,5 com isenção do imposto de importação.
Acima disso, os veículos brasileiros pagam tarifas de 35% para entrar no mercado argentino. Os veículos precisarão ter pelo menos 60% das peças e dos componentes fabricados no Mercosul.
O acordo fortalece ambos os países e, consequentemente, o Mercosul. Além desse acordo com a Argentina, o Governo Brasileiro tem se aproximado do México – onde ambos têm aumentado o volume comercial, sobretudo da indústria automobilística.