Brasil pode ganhar outro inédito no boxe
O boxeador Robson Conceição tinha uma pedreira no meio do caminho até a sua primeira final olímpica. E ela atendia pelo nome de Lázaro Jorge Alvarez. O cubano, adversário na semifinal da categoria até 60kg, trouxe para dentro do ringue um currículo de peso e uma dose extra de rivalidade: ele aparece como líder do ranking mundial, é bicampeão mundial da categoria, campeão pan-americano e foi medalhista de bronze em 2012, quando lutou uma categoria abaixo (até 56kg).
O combate seria também uma espécie de tira-teima do duelo particular entre os dois. Alvarez bateu o brasileiro na final do Campeonato Mundial de 2013, no Cazaquistão, quando se tornou o melhor boxeador amador do mundo pela primeira vez. Na revanche, no Campeonato Continental do ano passado, disputado na Venezuela, Robson deu o troco e venceu de forma unânime. Na terceira vez que se cruzaram, agora valendo uma vaga para a grande decisão, a rivalidade acabaria sendo levada a um outro nível.
Com a medalha de bronze garantida – não há disputa pelo terceiro lugar no boxe, e os dois atletas que perdem as semifinais dividem o terceiro lugar no pódio –, Robson estava a uma vitória de igualar a melhor campanha da história do boxe brasileiro. Chegando à final e assegurando a prata, ele repetiria o resultado do meio-pesado Yamaguchi Falcão, prata em Londres e hoje boxeador profissional.
Reviravolta
Robson ganhou a luta no último assalto. Foram dois rounds equilibrados – com vitória do cubano no primeiro e do brasileiro no segundo. Robson cresceu no minuto final do terceiro round encaixou uma sequência de golpes que lhe garantiu a vitória unânime: “Senti que eu podia fazer mais muito mais e ir para cima. Aí eu parei com ele e resolvi ver se ele era tudo isso mesmo. E essa foi a grande virada da luta”.
“Mostrei hoje muita técnica e vontade de lutar. Minha garra foi o diferencial para essa vitória, e consegui levar vantagem na trocação”, explica o finalista olímpico. “Agora é manter o pé no chão, a humildade e o foco. Vou descansar e me concentrar para a próxima luta”. Robson admite que ainda não “caiu a ficha” sobre a possibilidade de levar a primeira medalha de ouro da história nacional do esporte. “Estou muito concentrado e com muita vontade de buscar o ouro”.
A final será hoje, às 19h15, contra o francês Sofiane Oumiha, que venceu o mongol Otgondalai Dorjnyambuu”.