História : Coisas pitorescas de uma banda de quase dois séculos…
Outro artigo de João de Pinda que deve ter sido assunto para comentários nos bate-papos dos cidadãos leitores da Tribuna nos estabelecimentos comerciais e nos bancos da praça, naquela manhã domingueira de 20 de novembro de 1946, refere-se à gloriosa Corporação Musical Euterpe…
E aqui voltamos com o cronista, que com seu estilo bem humorado, registrou nas páginas da Tribuna, embora com certo atraso, o aniversário comemorativo aos 121 anos de existência da Euterpe. A banda de João Pimenta (alcunha de um excelente músico, o maestro fundador da Euterpe em 22 de agosto de 1925, João Batista de Oliveira).
Inicia o articulista, falando da coorporação: “Há meses a banda Euterpe viu transcorrer seu 121º
aniversário de fundação.
Se fosse possível uma pessoa nesses tempos de crise e de fome, suportar século e meio no costado como não ficaria satisfeito o maestro João Batista de Oliveira (João Pimenta) ao ver que a banda por ele fundada continua firme e ensaiadíssima, ligada às tradições da cidade pelo direito que lhe confere sua longa idade”.
E discorreu sobre os músicos que formavam a banda, centenária já em 1946: “Seus atuais componentes mantêm aquele admirável e elevado espírito de coesão e harmonia, alicerce de toda e qualquer organização; eles, unidos pelo sangue do afeto, constituem, em suma, uma verdadeira família.
“O patriarca é por certo seu Carmelino, que há 50 anos vem assoprando com vigor juvenil seu velho trombone. “Juca Romão milita nessa entidade musical há 40 anos; e é sem favor o melhor baixo do Vale do Paraíba. “José Bastos, não obstante os anos que lhe acavalam, já tem furado várias ‘barrigas’ do seu pesado bumbo, a que ele faz questão de carregar às costas, vá a onde for. “Vêm outros menos veteranos: Pedrinho Correard, Chiquinho Gambá e os mais moços: Valdomiro Basto, Agenor Ferreira, Batista, Alfredo, joaquim, José Romão, Antoninho e outros.” E destacou: “Alguns desses músicos são apreciadíssimos, o Pedrinho Correard, por exemplo, exímio clarinetista, tem em Pindamonhangaba inúmeros fãs. “O Gentil da Prefeitura tem apreço arraigado pelo Pedrinho, como musicista. A mesma admiração que temos por Maria Montes, Yvone de Carlo, Paula Drew, etc., tem-no Gentil para com o endiabrado Pedrinho. “O Chiquinho é também insuperável no trombone. Referindo- se a ele, teve essa frase, um amigo: ‘A música do Chiquinho tem até perfume!’. ‘Perfume de Gambá!’ E ele, à altura: ‘Sim, perfume que aromatiza os ouvidos.’” Em seus comentários sobre os músicos, deixou para falar do maestro da banda no final: “Companheirão dos companheiros é sem dúvida o Juca. Todo dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos, Juca Romão faz por conta própria verdadeiros banquetes: perus, frangos, leitão e outras coisinhas de encher a boca d’água. “Liberal ao extremo, em se tratando da sua querida banda, não olha despesa. “Quando aquele maldito circo de touradas ruiu sobre o povo, amassando vários instrumentos e quase alguns músicos também, ele abriu a bolsa para os reparos. “Dizem mesmo, que quando Chico Mina, o primeiro motorista profissional desta cidade, por não saber parar seu fordeco, atropelou a banda, causando sérios prejuízos materiais, foi ele ainda o ‘Papai Noel’ protetor…” Concluindo o interessante artigo, João de Pinda ainda acentuou a falta que fazia ao povo a presença da banda na praça: Outro artigo de João de Pinda que deve ter sido assunto para comentários nos bate-papos dos cidadãos leitores da Tribuna nos estabelecimentos comerciais e nos bancos da praça, naquela manhã domingueira de 20 de novembro de 1946, refere-se à gloriosa Corporação Musical Euterpe…
E aqui voltamos com o cronista, que com seu estilo bem humorado, registrou nas páginas da Tribuna, embora com certo atraso, o aniversário comemorativo aos 121 anos de existência da Euterpe.
A banda de João Pimenta (alcunha de um excelente músico, o maestro fundador da Euterpe em 22 de agosto de 1925, João Batista de Oliveira).
Inicia o articulista, falando da coorporação: “Há meses a banda Euterpe viu transcorrer seu 121º aniversário de fundação. Se fosse possível uma pessoa nesses tempos de crise e de fome, suportar século e meio no costado como não ficaria satisfeito o maestro João Batista de Oliveira (João Pimenta) ao ver que a banda por ele fundada continua firme e ensaiadíssima, ligada às tradições da cidade pelo direito que lhe confere sua longa idade”.
E discorreu sobre os músicos que formavam a banda, centenária já em 1946: “Seus atuais componentes mantêm aquele admirável e elevado espírito de coesão e harmonia, alicerce de toda e qualquer organização; eles, unidos pelo sangue do afeto, constituem, em suma, uma verdadeira família. “O patriarca é por certo seu Carmelino, que há 50 anos vem assoprando com vigor juvenil seu velho trombone. “Juca Romão milita nessa entidade musical há 40 anos; e é sem favor o melhor baixo do Vale do Paraíba. “José Bastos, não obstante os anos que lhe acavalam, já tem furado várias ‘barrigas’ do seu pesado bumbo, a que ele faz questão de carregar às costas, vá a onde for. “Vêm outros menos veteranos: Pedrinho Correard, Chiquinho Gambá e os mais moços: Valdomiro Basto, Agenor Ferreira, Batista, Alfredo, joaquim, José Romão, Antoninho e outros.” E destacou: “Alguns desses músicos são apreciadíssimos, o Pedrinho Correard, por exemplo, exímio clarinetista, tem em Pindamonhangaba inúmeros fãs. “O Gentil da Prefeitura tem apreço arraigado pelo Pedrinho, como musicista. A mesma admiração que temos por Maria Montes, Yvone de Carlo, Paula Drew, etc., tem-no Gentil para com o endiabrado Pedrinho. “O Chiquinho é também insuperável no trombone. Referindo- se a ele, teve essa frase, um amigo: ‘A música do Chiquinho tem até perfume!’. ‘Perfume de Gambá!’ E ele, à altura: ‘Sim, perfume que aromatiza os ouvidos.’” Em seus comentários sobre os músicos, deixou para falar do maestro da banda no final: “Companheirão dos companheiros é sem dúvida o Juca. Todo dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos, Juca Romão faz por conta própria verdadeiros banquetes: perus, frangos, leitão e outras coisinhas de encher a boca d’água. “Liberal ao extremo, em se tratando da sua querida banda, não olha despesa. “Quando aquele maldito circo de touradas ruiu sobre o povo, amassando vários instrumentos e quase alguns músicos também, ele abriu a bolsa para os reparos. “Dizem mesmo, que quando Chico Mina, o primeiro motorista profissional desta cidade, por não saber parar seu fordeco, atropelou a banda, causando sérios prejuízos materiais, foi ele ainda o ‘Papai Noel’ protetor…” Concluindo o interessante artigo, João de Pinda ainda acentuou a falta que fazia ao povo a presença da banda na praça: “Há vários meses, todavia, vem se notando na cidade, aos domingos, a falta da retreta da banda Euterpe. O velho coreto, vazio e triste, parece um quiosque perdido no jardim bem cuidado” E, levemente, fez sua crítica a um determinado tipo de música sem, no entanto, denominá- lo aos seus leitores: “O Vasquinho que o diga, a tradicional retreta tem deixado saudades àqueles que admiram a genuína música, e não aquela que se presta à consagração melódica das pisadelas, à forma social dos abraços prolongados e dos apertos malandros…”