História : Colisão de trens na estação de Pinda em 1920
Eram 19 horas de segunda-feira, 30 de julho de 1920. Um trem cargueiro denominado ‘especial de lenha’ fazia manobras na estação da Estrada de Ferro Central do Brasil de Pindamonhangaba quando surgiu outro cargueiro e o choque foi inevitável, ocasionando um acidente com vítimas.
O acidente foi divulgado na edição de 1º/8/1920 do jornal local (extinto) A Situação. Na matéria consta que a colisão entre os comboios causou ferimentos nos foguistas e maquinistas, avariou a locomotiva do especial de lenha e danificou alguns carros. E que para socorrer os feridos foi chamado o Dr. Manuel Ignácio Romeiro, “que prontamente compareceu ao local”. Um pedido especial de socorro foi enviado ao depósito da estrada de ferro, em Cachoeira, “que chegou às 22 horas, ativando, em seguida, a desobstrução da linha.”
Segundo o jornal, o acidente teria ocorrido “por inadvertência do guarda-chaves (apesar do tempo em que aconteceu o fato, omitiremos o nome desse profissional), que dera entrada a um trem de cargas procedente de Jacareí.”
A diretoria da Central do Brasil havia aberto inquérito administrativo para apurar responsabilidades, tendo o fato sido levado ao conhecimento das autoridades do município.
Com referência à suposta negligência do guarda chaves, na matéria o jornal A Situação adiantava que apesar de não inocentar o guarda responsável pelo desastre, cabia àquele órgão de imprensa informar que “o mesmo era um empregado antigo e estimado, que, talvez assoberbado, viu-se de um momento para outro comprometido pela terrível fatalidade.”
Aqui é oportuno mencionar que guarda-chaves é o ferroviário manobrista que controla as chaves nos desvios ou entroncamento dos trilhos, é ele quem altera a chave do trilho que define a direção por onde o trem irá seguir.
Prosseguindo, revelava o jornal que em relação ao grande movimento de trens daquela ferrovia, a equipe designada para o serviço noturno era deficiente, destacando que na noite anterior à do acidente, tinham informação de que 29 comboios haviam passado por aquela estação.
Estação
Pindamonhangaba
Para encerrar os comentários na divulgação do triste acontecimento, o jornal colocava-se em defesa dos ferroviários, alertando que “os empregados sujeitos a pernoites trabalhosos o faziam extenuados pelos constantes serviços de cargas e descargas de mercadorias”. E concluía com o seguinte alerta dirigido ao responsável pela estação Pindamonhangaba: “Atente, portanto, o ilustríssimo Dr. Assis Ribeiro que um serviço nestas condições está sempre sujeito a desastres da natureza do que se verificou segunda-feira, e que a responsabilidade indireta, nesse caso mais criminosa, é daqueles que não conhecem a relatividade humana para a compensação pecuniária e de repouso nas exigências do serviço.”