Registro Cultural : Crônica de Rhosana Dalle vence em Maringá-PR
E a atriz, poetisa e autora Rhosana Dalle completou com os colegas, Maurício Cavalheiro e José Ouverney, o trio de acadêmicos representantes da APL-Academia Pindamonhangabense de Letras no certame cultural, realizado no Paraná, denominado VIII Concurso Literário “Cidade de Maringá” e II Concurso “Maria Mariá” – 2018.
Rhosana concorreu e foi classificada na categoria Crônicas (Maurício em Trova e Poema Livre; José Ouverney em Trovas, trabalhos já publicados nessa coluna em edições anteriores). Eis a crônica premiada de Rhosana sob o pesudônimo de Rosa de Hiroshima:
Lição de carnaval
CARNAVAL – A ARTE, na sua mais completa forma de expressão. Eu era fascinada por ele, e ainda sou, tinha uns 11 anos e morava ao lado de um clube onde havia as matinês. Minha mãe exímia costureira, pedi que me fizesse uma fantasia de carnaval. Com uns poucos trocados para comprar medalhinhas e um saco de retalhos para revirar, uma fantasia de cigana (pobre de fato), seria a única opção. Juntei também todas as bijuterias que consegui encontrar e na falta de maquiagens apropriadas usei minhas canetas hidrográficas e até hoje tenho a impressão que fui eu quem inventou (sem querer), a maquiagem definitiva… e fui para o salão como se pisasse em um palco de teatro mais sofisticado do mundo, dancei por três dias me achando linda, o máximo! Era costume a premiação de fantasias, mas no terceiro e último dia adentrou o salão uma menina com uma fantasia de Colombina rica e maravilhosa! Confesso que naquele momento experimentei um sentimento nada nobre chamado inveja”. Dentre outras participantes a Colombina havia recebido 2 votos e eu 1, quando o mediador elegeu (sem saber), meu Pai e minha Mãe para os últimos votos. E o seguinte diálogo descreve o ocorrido: – E o seu voto meu senhor, vai para quem? – Para a Cigana. (Respondeu sorrindo meu pai.). – Muito bem, então estamos empatados, dois votos para cada uma. – E o seu voto minha senhora, vai para qual fantasia? Fez-se dois segundos de silêncio. Eu queria explodir de alegria, mas me contive, quando minha mãe respondeu sem tirar os olhos dos meus: – Meu voto é para a Colombina… Muito aplaudida, a menina recebeu o troféu e foi tirada do palco pelos familiares em festa e eu de um salto estava de volta ao chão do salão, quando minha mãe me pegou pela mão, e antes que eu dissesse algo, enxugou minhas lágrimas antes mesmo que caíssem e me disse: -Hoje você vai me odiar, amanhã já vai me dar razão. E fomos para casa em silêncio. Confesso que demorei bem mais que um dia para entender o tamanho daquela lição. Embora imaginário, o maior troféu quem recebeu naquele dia fui eu, e foi minha mãe quem me deu. Um troféu chamado: – JUSTIÇA.