Curiosidades da banda mais antiga do Brasil

Em homenagem aos 194 anos de existência da Corporação Musical Euterpe, fundada em 22 de agosto de 1825, – o aniversário será comemorado com evento no Teatro Galpão na nesta sexta-feira(30)-, com início às 20 hora, recordamos novamente algumas curiosidades desta banda, carinhosamente também conhecida pelos cidadãos mais antigos como ‘a briosa’.
Deusa da Música
Euterpe, que segundo a mitologia grega significa deusa da música e poesia lírica, é a denominação da banda considerada a mais antiga do Brasil, sua criação ou organização é atribuída ao maestro João Batista de Oliveira, conhecido por João Pimenta. Entidade musical que se aproxima dos duzentos anos de existência, a Euterpe foi tema de nossas pesquisas em diversas edições desta página de história. Fatos relacionados à secular trajetória existencial da Euterpe (194 anos) se encontram registrados nos arquivos do jornal Tribuna do Norte (137 anos) que ao lado dela e da Santa Casa (156 anos) forma o trio de entidades mais antigas de Pindamonhangaba em funcionamento desde que foram criadas.
Tuba ao Mar
Uma das passagens históricas e mais pitoresca envolvendo a banda é a da tuba que caiu no mar. Contam que nos tempos do Brasil Império a Euterpe foi convidada para tocar numa festa promovida pelo imperador Pedro II. Chegando ao Rio de Janeiro, embarcaram em uma balsa que levaria os músicos até Niterói, local da apresentação. Durante a travessia uma tuba caiu nas águas da baía da Guanabara. Por ordem do Imperador, foi resgatada por um mergulhador. A tuba hoje é guardada como objeto histórico pela corporação.
“Paraíso Terreal…”
Coube aos músicos da Corporação Musical Euterpe a primeira apresentação do Hino Pindamonhangabense ao público. A execução ocorreu no dia 7 de janeiro de 1899, em frente ao Paço Municipal, na posse da câmara eleita pelo Partido Republicano.
Bolero do Athayde
Em 7 de fevereiro de 1964, na inesquecível participação no programa Lira de Xopotó, da Rádio Nacional, a Euterpe apresentou entre outros números o bolero “Querida”, do Athayde Marques, o saudoso Athayde da barraca do Mercado Municipal. A ida ao programa apresentado pelo médico e locutor Paulo Roberto, foi possível graças à iniciativa do presidente da banda na época, Francisco Piorino Filho, auxiliado pelo músico e poeta Vicente Salgado, que era vice. (Francisco Piorino, Fatos e Crônicas – 1989)
Prato frio
O músico Alfredinho Marcondes achava que o músico José Bastos já não aguentava mais com o peso do bumbo. Tanto chateou o colega de banda que o mesmo resolveu passar o instrumento para o Júnior, o José Bastos Júnior. Mas, por desaforo, não deixou a Euterpe: fi cou com os pratos. Como represália (ou senso de humor) na hora de sua parte fazia questão de repercurtir os pratos bem perto dos ouvidos do Alfredinho. Vingança é “prato” que se “repercute” frio. (João Martins de Almeida, Vultos de Pindamonhangaba – 1968)
Churrasco
Um antigo músico da Euterpe contou que certa vez a banda foi animar um leilão promovido por uma igreja. Por gentileza, o vigário ofereceu um churrasco aos músicos. Mas a carne era tão dura, mas tão dura que um dos músicos dependurou um pedaço no varal existente em frente ao templo e escreveu, com carvão, o seguinte recado: “Seo padre, esta carne parece ser do cussarruim”. (Anibal Leite de Abreu, crônica, Tribuna do Norte, 28/8/1995)
Fim de Carreira
João do Juca era um bom músico. Nos tempos de moço era uma praga. Rixento, provocador e arruaceiro, conquistou fama de valente. Mais idoso, criou juízo. Mas certa vez, em pleno jardim da Cascata, encrencou com o Francisco Santiago, então dirigente da banda, e disse: “Sabe de uma coisa, Chiquinho? Encerro aqui minha carreira de músico”. E sapateou sobre o bombardino. (João Martins de Almeida, Vultos de Pindamonhangaba – 1968)
Mulheres na Euterpe
O inesquecível José de Assis Alvarenga, Zé Sambinha, que além de músico, durante anos cuidou da sobrevivência da Euterpe, conta que foi em 1989 que a banda recebeu as primeiras mulheres em seu quadro de músicos. Foram elas, Karina e Kátia, a primeira tocava clarinete e a outra, piston. Eram de Tremembé.
EUTERPINHA
Em 1975, ano em que a Corporação Musical Euterpe comemorava seu sesquicentenário de fundação, a banda mantinha a Euterpinha, uma bandamirim composta por meninos de 11 a 13 anos – fanfarra com 22 instrumentos. Seus componentes, conforme relação publicada na edição de 16/8/1975 do jornal Tribuna do Norte, eram: Pedro Luiz Marcondes de Mello, Marco Antônio Luz Leite, José Fábio Braga Santos, João Henrique de Oliveira Hein, Jarbas Antônio Giovanelli, Edson Luiz Salgado Junior, Nelson Henrique Barbosa Cabral, José Ricardo Nóbrega Guimarães, José Mauro Junho de Araújo, André Eduardo Alves Beraldo, Mozart Prado Júnior, Carlos Alberto Moreira Fraga, José Robson Ferreira Paiva, Moacyr Macruz de Oliveira, Sílvio Macruz de Oliveira, Eduardo F. Santos, Paulo de Andrade Júnior, Carlos Augusto da Silva e Luiz Fernando Salgado.

  • Publicava-se no jornal A Situação em 1920