Curso de Auxiliar em Saúde Bucal completa 17 anos de história na cidade
Implantada para atender a demanda da área odontológica, a capacitação já instruiu 39 turmas de profissionais em Pindamonhangaba
Colaborou com o
texto: Dayane Gomes
Em 2001, vestindo trajes brancos, tateando a adstringência de luvas plásticas e examinando dentes, dois profissionais da cidade sentiram a falta de uma “mão extra” para atendimento de pacientes e resolveram criar um curso para capacitação de assistentes na área odontológica. De início, a formação recebeu o direcionamento de uma metodologia semelhante aplicada em Araraquara (SP) e tinha o nome de Auxiliar de Consultório Dentário (ACD). Hoje, os estudos ministrados na pequena sala da sede da APCD Regional Pindamonhangaba (Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas) continuam preenchendo as necessidades do ramo pelo Vale do Paraíba.
Em 17 anos, cerca de mil estudantes, majoritariamente, mulheres com idade entre 19 e 20 anos, saíram de Aparecida, Roseira, Potim, Tremembé, Taubaté, Santo Antonio do Pinhal, Campos do Jordão e outros municípios da região para frequentarem o curso instituído e lecionado por Rosilda Marques Martinho e Paulo Roberto Silva Marcondes Cesar. “Geralmente, as meninas mais novas são as melhores alunas. Elas aprendem com uma facilidade que é até agradável dar aula”, cita o cirurgião dentista formado pela Unesp, com especialização e mestrado em Radiologia Odontológica.
As aulas de Auxiliar em Saúde Bucal (ASB) oferecidas pela APCD de Pinda ocorrem às quintas-feiras, tem duração de quatro meses e abordam técnicas de cirurgia, tratamento de cárie, gengiva, canal, aparelho, implante etc. “Aprende-se muita coisa de Odontologia, principalmente, em termos de prevenção. A gente dá todas as disciplinas do que o dentista pode fazer no consultório”, comenta Cesar. “Com o dentista, o auxiliar não trabalha só instrumentando, como também faz a manipulação da maioria dos materiais”, explica a professora Rosilda Marques, especialista em Periodontia e atuante na área de próteses.
Cartão de entrada
no setor odontológico
Atualmente, a Vigilância Sanitária exige das “secretárias” dos consultórios o registro no Crosp (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo) e, para isso, é necessário um certificado válido como o de Auxiliar em Saúde Bucal. “Ao longo destes 17 anos, o curso gerou um contingente de auxiliares para cirurgiões dentistas aqui em Pinda”, frisa Rosilda, de 60 anos, 36 deles como dentista. Afinal, a última turma a se formar foi a de número 39, que agrupou 17 novas profissionais disponíveis no mercado.
A cada semestre, a capacitação dispõe de abertura de nova classe e uso de apostila personalizada e não obrigatória com o custo total inferior a um salário mínimo. “É comum eu ir ao consultório de alguém e acabar encontrando uma ex-aluna que eu nem sabia que estava trabalhando na área”, afirma Cesar que é servidor municipal há 37 anos. Ele estima que, pelo menos, 30% das formandas consegue emprego no setor, por vezes, através de concursos públicos. Inclusive, sua assistente no posto do bairro Cidade Nova integra este grupo de ex-alunas.
“Minha noiva já havia feito o curso de cirurgia na APCD e, na época, precisava de um auxiliar nas cirurgias mais difíceis”, conta Rodrigo dos Santos Silva. Ele concluiu o curso no segundo semestre de 2017. “No meu caso, aprimorei meu conhecimento. Agora, é a área que pretendo atuar em conjunto com minha segunda formação que é designer”, idealiza o jovem de 30 anos, a mesma idade de Gabriela Cristini Pereira, que completou os estudos em 2005 e atua no Centro de Especialidades Médicas (CEM) municipal. “O curso me abriu a possibilidade de trabalhar no consultório odontológico e, no ano seguinte, prestei o concurso da prefeitura aonde trabalho até hoje”, menciona.
Além de conhecimento e certificado, os participantes do curso de Auxiliar em Saúde Bucal na APCD Regional Pinda ganham presentes em memória do cumprimento da programação na forma de capa de jornal do dia do nascimento das formandas. O mimo substituiu kits de maquiagem devido à inflação, porém a gratificação dos mestres é evidente quanto ao ganho de novas colegas de profissão. “Várias alunas gostaram da área. Muitas delas continuaram os estudos e acabaram entrando na faculdade de Odontologia”, se orgulha Rosilda Marques Martinho.
“Antes, o dentista precisava de uma recepcionista e ela entrava sem saber nada de consultório. E, a grande maioria, depois que aprendia tudo, era comum sair do emprego. Aí, outra ocupava o lugar dela e não sabia nada de novo. E isso ia desanimando o dentista”
Paulo Roberto Silva Marcondes Cesar, fundador do curso em Pinda