Proseando : Dentadura não morde (parte 2)

Recebi, com muito carinho, mensagens de alunos da professora Catarina, da Escola Municipal Padre Mário Antônio Bonotti, respondendo ao enigma. A eles, dedico o Proseando de hoje.

O avô entrou no quarto onde guardava algumas caixinhas secretas. De uma delas retirou o prêmio para entregar ao neto que encontrara a dentadura. Ao voltar, além dos oito netos, encontrou mais cinco crianças. Coçou a cabeça, chamou a esposa num canto e cochichou:

— Minha véia, será que minha memória tá carunchada? Não me lembro desses nossos outros netos.

A senhorinha riu, apontou cada criança e revelou:

— Ana Luiza, Marina de Oliveira, Enzo Gabriel, Vitor Gabriel e Arthur Miguel. São alunos da Professora Catarina, da Escola Municipal Padre Mário Antônio Bonotti – Redentorista. Estudam com nossos netinhos.

— Quer dizer que a escola agora se mudou pra minha casa?

Com ordem de quem? Cadê a professora pra tomar conta dessa criançada?

As crianças ficaram ressabiadas. Será que o velhinho mordia ou só rosnava?

Percebendo o receio nos olhos da criançada, a avó convocou:

— Vamos ao rancho. Todos pra mesa comprida. Vou preparar um café com bolo pra todo mundo.

E, voltando-se ao marido, sugeriu:

—Meu véio, por que você não submete sua charada a essa criançada?

Os olhos do velhinho se iluminaram. Ele adorava criar charadas e desafiar os netos. Seria divertido ver aquela criançada quebrando a cabeça. Para que todos participassem, copiou o enigma em vários papeizinhos e os distribuiu. Olhou cada um dos netos e avisou

—Se a língua de algum de vocês coçar e revelar a resposta, nem queiram saber o que vou fazer. Podem começar.

A criançada mergulhou os olhos no papelzinho onde estava escrito:

“Cadê a minha dentadura? Quem encontrá-la ganhará um prêmio. Decifre o enigma alfanumérico abaixo:
7, 5, 12, 1, 4, 5, 9, 18, 1”

Os alunos da professora Catarina eram muito inteligentes; por isso, em poucos minutos encontraram a resposta.
— Está na geladeira!

Todos bateram palma. Mas, o avô, esticando o polegar da mão direita, disse:

— Nã, na, ni, ni, não. Estava na geladeira. Não está mais. Agora está na minha boca.

E gargalhou tanto que a dentadura pulou e foi parar debaixo da mesa.

— Agora está no chão! — disse a avó rindo.

O avô recuperou a dentadura, lavou-a, e a recolocou na boca murcha.

— Parabéns, criançada. Todos ganharão o prêmio que é… O cordel “Saí-Azul, o amor que valeu a pena”.