Editorial : Devagar se vai longe
Quando uma pessoa tem que mudar um hábito de forma radical, é difícil manter a nova rotina adotada. O mesmo acontece em relação ao paladar. Por isso as pessoas que iniciam alguma espécie de regime não devem fazer mudanças bruscas e sim ir retirando ‘aos poucos’ determinado item para substituir por outro.
Esta é a forma adequada indicada por especialistas para o corpo não sentir tanto a mudança.
Neste sentido e também para as empresas se adequarem, o Ministério da Saúde e a Abia – Associação das Indústrias da Alimentação – realizaram um acordo em 2011 para a retirada de sódio dos alimentos.
Do inicio do acordo até agora já foram retiradas 14.893 toneladas de sódio dos produtos alimentícios. A meta é que, até 2020, as indústrias do setor promovam a retirada voluntária de 28.562 toneladas de sal do mercado brasileiro.
Cardiologistas e toda a sociedade agradecem, pois o sal é responsável, dentre outros problemas a reter líquido e aumentar a pressão arterial – o que pode causar danos ao coração e a diversos órgãos além de aumentar as chances de um AVC – Acidente Vascular Cerebral.
Passado o êxito da iniciativa em relação ao sal, a partir de agora, o Ministério da Saúde e a Abia iniciam discussões sobre uma nova parceria, desta vez para reduzir o açúcar nos alimentos processados.
“Vamos continuar os acordos para melhorar a qualidade nutricional dos alimentos processados. A população precisa estar atenta, não somente ao sal, mas também ao açúcar que é adicionado aos alimentos. É importante frisar que o açúcar está presente na maior parte do que é consumido e, se cada cidadão brasileiro cuidar da sua saúde, o povo brasileiro será mais saudável”, disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros.
Na terceira fase do acordo de redução de sódio, em que foram incluídas margarinas, cereais matinais, caldos (gel e cubos) e temperos prontos, 94,5% das 22 de empresas analisadas atingiram a meta.
O presidente da Abia, Edmund Kloz, reiterou a disponibilidade da indústria no cumprimento deste e de outros acordos. “Nossa preocupação é tentar fazer o possível para colaborar. Esperamos conseguir, inclusive, preparar, de maneira eficaz, a tecnologia para fazermos também a redução do açúcar, com o mesmo sucesso e ritmo que tivemos na redução de sódio”, afirmou.
A primeira etapa envolveu macarrão instantâneo, pão de forma e bisnaguinha. A segunda, bolos, snacks (batata-palha e salgadinhos de milho), maioneses e biscoitos. O acordo prevê mais uma etapa envolvendo produtos embutidos.
As indústrias que não alcançarem o resultado esperado de redução são notificadas pelo Ministério da Saúde e devem encaminhar à pasta uma justificativa, além de uma nova estratégia para diminuir a quantidade de sal dos alimentos. Os produtos analisados continuam fazendo parte do programa, ainda com as metas alcançadas, e, a cada ano, novas metas são traçadas visando maiores reduções.
Embora haja todo este esforço, é bom reiterar ao consumidor que o ideal é evitar produtos de origem industrializada e preferir os naturais. No entanto, sabemos das dificuldades, no dia a dia, de fazer as substituições adequadas. Assim, a dica é procurar alimentos com menor quantidade de sal e açúcar, sempre.