História : Dia da Participação de Pinda no Grito do Ipiranga e Dia da Guarda de Honra de Pedro I
Embora tenham sido criadas, nem uma nem outra data foi acatada com o devido compromisso cívico e patriótico e nenhuma delas se firmou no calendário das efemérides municipais.
O 29 de setembro até foi comemorado na cidade em 1963, mas somente naquele ano
O assunto Pindamonhangaba e a Independência do Brasil, cantado e repetido por diversos autores locais, inclusive por esta página dedicada à história da cidade, relembra hoje outros fatos interessantes referentes ao envolvimento de pindamonhangabenses no feito histórico.
22 de agosto
Há 55 anos foi criado, por força do decreto nº 223, do dia 10 de setembro de 1963, assinado pelo prefeito da época, Manoel César Ribeiro, mais uma data comemorativa histórica para o município: o ‘Dia da Participação de Pindamonhangaba no Grito do Ipiranga’. A efeméride seria em 22 de agosto, dia em que o imperador Pedro I partira de Pindamonhangaba com sua Guarda de Honra composta por 10 pindamonhangabenses.
A ideia de comemorar essa data foi em consideração à importante participação dos filhos de Pindamonhangaba em favor da independência do Brasil. Ficando acertado que anualmente caberia ao prefeito em exercício nomear a comissão que com ele (prefeito) mais o presidente da Câmara organizariam os festejos comemorativos à data. “A comissão deveria empregar todos os meios para dar aos festejos a maior pompa possível, tornando a cerimônia uma atração turística, enaltecendo as tradições de Pindamonhangaba”.
Também ficou acertado no mesmo decreto que “no local onde a Guarda de Honra se formara pela primeira vez, na praça Monsenhor Marcondes, a Prefeitura construiria, sobre um pedestal no qual seriam inscritos os nomes dos componentes da guarda, uma pira votiva, que ficaria acesa nos dias 22 de agosto e 7 de setembro”. E ainda: “um dos bairros da cidade teria em suas ruas os nomes dos participantes da Guarda de Honra”. (Isso ocorreu posteriormente e a localidade que teve suas vias denominadas em homenagem aos pindamonhangabenses da Guarda de Honra foi o bairro da Mombaça.)
Obelisco
Um monumento em memória dos pindamonhangabenses da Guarda do Imperador já havia sido construído na praça Monsenhor Marcondes em 1922, atendendo reivindicação de Athayde Marcondes e do presidente da Câmara Municipal naquele tempo, dr. Raul Moreira Marcondes (neto do guarda José Romeiro de Oliveira). Sobre este monumento, José Renato Guaicuru San Martin, em “Pelas Velhas Ruas de Pindamonhangaba” (desenhos a bico de pena), JAC-Gráfica e Editora, 1995, conta que “situava-se ao centro de um canteiro e era contornado por letras de grama que formavam o dístico ‘Independência ou Morte’”.
A placa contendo os nomes dos integrantes da guarda foi autorizada a ser colocada “na laje posterior do monumento”, de acordo com a lei 208 (14/12/1953), assinada pelo prefeito Caio Gomes Figueiredo.
29 de setembro
Em vez de Dia da Participação de Pinda na Independência, Pindamonhangaba comemorou, no dia 29 de setembro de 1963 (o decreto de criação dessa data só foi publicado depois), o Dia da Guarda de Honra de D. Pedro I. Nesse dia houve desfile cívico às 9 da manhã com participação das seguintes instituições: 2º Batalhão de Engenharia de Combate, Instituto de Educação (atual Escola Técnica João Gomes de Araújo), Escola de Comércio (o extinto Colégio Comercial Dr. João Romeiro) e uma representação da lavoura local, com dezenas de tratores.
Ainda pela manhã, houve missa celebrada pelo padre João (monsenhor João José de Azevedo) na Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso e, após a celebração, a inauguração da placa com os nomes dos 14 pindamonhangabenses da Guarda de Honra, no panteão da igreja São José.
À tarde, na Câmara, sessão solene e recepção a D. Luiz de Orleans de Bragança, que representou seu pai, o príncipe D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança, chefe da Casa Imperial Brasileira. Durante a sessão, a família Marcondes Machado ofertou ao município o retrato do alferes Manuel Ribeiro do Amaral, um dos integrantes da histórica Guarda de Honra. À noite, houve retreta no coreto da Cascata, com a banda do Regimento Itororó, do 5º Regimento de Infantaria de Lorena.
Não houve reconhecimento
Na Tribuna do Norte, edição de 21/8/1966, artigo editorial com o título “A Guarda de D. Pedro”, revela que apesar de oficializada, a importante data não teve o reconhecimento que merecia. “O prefeito Manoel Ribeiro, sob a inspiração de Balthazar de Godoy Moreira tentou criar junto a nós o culto à memória de pindamonhangabenses presentes ao episódio da Independência da Pátria, mas, infelizmente, tudo não passou de uma festa, de uma só festividade, da qual, apenas alguns guardam uma recordação imperecível”, desabafou o editorialista.
A Guarda de Honra
Em “Pindamonhangaba Através de Dois e Meio Séculos (1922)”, Athayde Marcondes registra os seguintes nomes de pindamonhangabenses, membros da Guarda de Honra de Pedro I, que o acompanharam na viagem que culminou com a proclamação da Independência: 1. Coronel Manuel Marcondes de Oliveira Mello (segundo comandante interino); 2. Capitão João Monteiro do Amaral; 3. Tenente-mor Francisco Bueno Garcia Leme; 4. Sargento-mor Domingos Marcondes de Andrade; 5. Alferes Manuel Ribeiro do Amaral; 6. Alferes Adriano Gomes Vieira de Almeida; 7. Antônio Marcondes Homem de Mello; 8. Capitão Benedito Corrêa da Silva Salgado; 9. Miguel de Godoy Moreira e Costa; 10. Capitão Manuel de Godoy Moreira.
Ainda de Pindamonhangaba tivemos mais quatro oficiais pertencentes à guarda que por motivos ponderáveis não puderam acompanhar o príncipe naquele evento: 11. Capitão José Romeiro de Oliveira; 12. Capitão Antônio Salgado Silva (que se tornaria Visconde da Palmeira); 13. Alferes Rodrigo de O. Bueno de Godoy; 14. Capitão Cândido Marcondes Ribas.