Editorial : Brasil, que também barra americanos, vai isentá-los de visto durante Olimpíadas
Até a década de 1970, um brasileiro entrava e saia dos Estados Unidos sem muito problema. O maior entrave, de fato, era quando o turista voltava e chegava ao aeroporto com aquele monte de ‘bugigangas’. Alguns itens nem os fiscais da alfandega sabiam reconhecer e não podiam ser taxados. Além disso, raramente alguém era selecionado para ter suas malas inspecionadas. Esse era o turista.
Mas existia também o imigrante – aquele que abandonava o país para buscar uma vida melhor (nem sempre melhor) na terra das oportunidades – estilo sempre ‘vendido’ pelos norte-americanos nos seus enlatados (filmes e seriados). Esse, naquele tempo, conseguia entrar e ficar nos Estados Unidos sem muito esforço.
Uma vez lá, grande parte conseguia a ‘ascensão profissional’ para juntar dólares. Pessoas que tinham uma vida cômoda no Brasil, funcionários de empresas com salários razoavelmente bons, curso superior, uns desempregados, outros sem perspectivas de crescimento aqui etc… gente de todo tipo.
Deixavam o Brasil para fazer qualquer espécie de serviço nos Estados Unidos. O estudante de direito se submetia a fazer tarefas quem nem executava em sua casa para ajudar seus pais e esquecia tudo que aprendera nos livros das universidades; a desempregada aqui se gabava de ter arrumado um trabalho lá – independentemente de qual era o serviço; o trabalhador com cargo médio na indústria dava 10 passos para traz e reiniciava atividades de aprendiz…
Bom era assim. Ainda que explorados na maioria das vezes, os brasileiros aceitavam qualquer oferta de emprego para conseguirem suas ‘doletas’. Se eram trabalhos ‘escravos’ ou ‘desumanos’ quem podia reconhecer eram as pessoas que estavam lá. Afinal de contas – cada um faz o que quer da vida.
Mas esse sonho pelas ‘verdinhas’ e pelo poder de compartilhar do sonho americano não atraia apenas brasileiros. Obviamente, não. Isso era objeto de desejo de boa parte do mundo. Aliás, bota boa parte nisso.
Além dos europeus, com livre entrada, sobretudo britânicos, irlandeses, e franceses, havia também os árabes, os latinos, principalmente do México, os orientais, africanos, por fim o mundo todo.
Essa invasão para ‘retirar’ o emprego do norte-americano forçou a Casa Branca a criar vistos e dificultar a entrada de pessoas que poderiam ameaçar a tranquilidade dos americanos ‘puros de origem’.
A partir do início da década de 1980, os Estados Unidos começaram a impor barreiras para a entrada de imigrantes. E de fato, estão corretos em preservar o emprego deles.
Assim deve ser em qualquer nação, primeiramente valorizar o seu filho, depois os demais.
Criticar o governo dos EUA e questionar o porquê de visto para um brasileiro e não para um sueco ou neozelandês é uma das situações mais desnecessárias do mundo. Simplesmente porque são países que possuem economia sólida e, consequentemente, seria improvável que algum abandonasse a terra natal para tentar a vida nos EUA.
Em relação à França (primeiro aliado norte-americano), Inglaterra (país com ideologia mais próxima), Alemanha, Itália, Canadá, dentre tantos outros, a situação é similar à referida acima.
Aqui, não. Aqui é o Brasil.
No entanto, a você que ainda assim não concorda com a política de ‘recepção’ e ‘acolhimento’ dada pelos americanos a nós brasileiros, saiba que nós damos o troco. Isso mesmo. O mesmo tratamento, ou quase o mesmo, que é feito a um brasileiro lá, é retribuído aqui.
Ou seja, o cidadão de Nova Iorque ou de Los Angeles, por exemplo, que vem passar férias ou passear no Brasil precisa de um visto tupiniquim. Diferentemente dos ingleses, portugueses, belgas ou holandesas, por fim, de todos da União Europeia ou do Mercosul, por exemplo.
Assim, não critiquem o que não sabem. Embora nosso serviço de imigração não seja rigoroso, nossa política se assemelha à deles.
Interessante nessa história toda é que, devido às Olimpíadas do Rio de Janeiro, o Brasil fará algumas exceções.
A partir de 1º de junho, os turistas australianos, canadenses, americanos e japoneses podem entrar no Brasil sem apresentar visto de turismo. A medida, que começa a valer daqui a uma semana, estende-se até 18 de setembro. A ideia é facilitar o fluxo de estrangeiros dessas nacionalidades, já que representam baixo risco migratório e de segurança, principalmente durante os Jogos.
Segundo a Organização Mundial do Turismo, a facilitação de viagens pode gerar um aumento de até 20% no fluxo entre os destinos. Isso representa um acréscimo de 75 mil turistas internacionais e uma injeção de US$ 80 milhões na economia brasileira.
Portanto, neste caso, o famoso ‘toma lá, dá cá’ deve ficar em segundo plano, pois será proveitoso ao país.