EDUCAÇÃO X ESCOLARIZAÇÃO: FAMÍLIA E ESCOLA

Educação é uma construção artesanal, feita a muitas mãos. Implica no ato de socializar saberes identificados como necessários para o desenvolvimento cognitivo, emocional e à convivência saudável em sociedade.

A família é a primeira (e principal) instituição responsável por iniciar o processo educacional, considerando os valores transmitidos pela fala e, principalmente, pelos comportamentos demonstrados, pois a criança aprende muito mais pelo que vê do que escuta. Nesse contexto damos ênfase à reflexão do psicanalista Bion ao destacar “o que você faz fala tão alto que eu não escuto o que você me diz”.

Diante desse fato cabe ao adulto o exercício diário da ética, da lapidação dos valores que perduram independente do período histórico, como respeito, empatia, solidariedade, pois valores não são roupas usadas em certas ocasiões. Eles aderem à pele e nos apresentam em todos os contextos.

É de responsabilidade da escola, instituição legitimada pela sociedade, trabalhar com os conhecimentos eleitos em cada período histórico vivido como imprescindíveis para a promoção do avanço da população. Essa tarefa, nomeada como escolarização, é de responsabilidade da escola que promove reflexões sistemáticas para a intervenção qualificada dos profissionais envolvidos.

Entre os conteúdos abordados, o que é comum à família e à escola? As duas instituições são espaços de relações, portanto, cuidar das formas de interação com o outro e consigo próprio é tarefa diária. Enxergamos o que conhecemos. Dessa forma, tudo que se apresenta diferente do que vivenciamos causa estranheza. Exemplificando: os noticiários que comumente ganham mais destaque são os que anunciam tragédias e violências, provocando sentimentos de medo e insegurança, alimentando a desconfiança no outro.
Ao se deparar com situações em que a empatia, a solidariedade, a alegria se apresentam observamos com desconfiança, pelo não hábito dessa vivência. Aqui cabe uma reflexão: em que momento nos perdemos do outro, como (re) estabelecer a confiança?
É alarmante o crescente número de casos de transtornos mentais, como síndrome do pânico, depressão, automutilação e de suicídio. Uma das dificuldades presentes nesses eventos é a dificuldade em lidar com a dor. Urgente a criação de redes de apoio, de diálogo e acolhimento realizado com amorosidade por todos. Para uma educação e um mundo melhores é preciso que a mudança inicie dentro de cada um de nós.

Educação e escolarização exigem o aperfeiçoamento constante, o trabalho em parceria (e não transferência de responsabilidades) dos adultos responsáveis pela criança. Há um provérbio africano que enfatiza essa rede de apoio: “É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”. O momento é agora, o presente para darmos as mãos e fazermos do nosso ambiente um lugar agradável de se viver.

  • Luciana Ferreira, secretária de Educação da Prefeitura de Pindamonhangaba