Ela enfrenta os desafios dançando e ensinando a dançar
Professora de zumba diz que dança melhora
o físico e a alma, e promove inclusão
Quem vê a professora de dança Karina Silva atuando pode jurar que ela “nasceu dançando”. Mas ela garante que a máxima não é verdadeira. Pelo contrário, a dança entrou em sua vida, há menos de dois anos. Mas chegou de uma forma tão intensa que ela nem consegue explicar tamanha afinidade.
Estudante de educação física, Karina precisou fazer estágio. E, em busca da oportunidade, descobriu que um clube da cidade tinha uma vaga aberta para professora de zumba. “Como ainda faltavam cerca de quatro meses para as aulas terem início, pensei em ficar com a vaga e correr atrás da experiência neste período”, conta. Mal sabia ela que os desafios estavam apenas começando.
Ela precisou ir para a capital fazer um curso de Sh’bam – uma espécie de aula de ginástica que mistura exercício, música e muita descontração; prometendo eliminar peso, medo ou timidez em participar de aulas de ginástica.
“O curso durou dois dias inteiros. Fiquei hospedada em um hotel que reservei pela internet e quando cheguei ao local vi que não era nada do que o anúncio dizia. Esta foi minha primeira frustração. Depois, a apresentação dos participantes me desanimou profundamente: todos tinham experiência com danças, sapateados, balé clássico, enfim, eu era a única inexperiente ali. Me vi diante de um desafio grande”, relembra.
“Caindo e levantando”, ela foi aprovada “com louvor” no curso e no emprego e hoje, é uma das referências no ritmo, principalmente quando se trata de projetos sociais. “As pessoas falam que voluntários não recebem nada. Depende. Para quem acha que valor é só dinheiro, realmente não recebem nada, mas para quem vê nas atividades uma forma de ajudar outras pessoas, além de ajudar a si mesmo, o voluntariado é gratificante”, afirma Karina.
A dança e as causas sociais
Karina é moradora do Mombaça e dá aulas em dois centros comunitários: no Vila Rica e no São Judas. Nestes quase dois anos de atividade, não faltaram histórias surpreendentes. Entre eles está a de um adolescente com Síndrome de Down que e é fã das cantoras Maiara e Maraísa. Karina conseguiu levá-lo ao show delas, com direito a camarim e muitas fotos. Além disso, tem a Débora. Uma garota também com Síndrome de Down que queria desfilar no carnaval e conhecer o apresentador do Vanguarda Mix Jonas Almeida; ela postou nas redes sociais, correu atrás e conseguiu realizar os dois sonhos da menina. “Eu penso que se a gente pode fazer alguma coisa, o mínimo que seja, devemos fazer. Aproveitar o ‘apelo’ das redes sociais e pedir apoio. No fim, tudo dá certo e ver o sorriso deles não tem preço.”
Além de alunos com síndromes e outras limitações físicas, existem alunas que duvidavam de seus rendimentos nas aulas. “Mas eu fui chegando com jeitinho, chamando para a dança, fazendo elas se sentirem importantes até que se renderam e hoje, são assíduas, além de lindas e com a autoestima lá em cima. Dá gosto de ver”, relata.
“Teve uma vez, que pensei em desistir. Eram tantos os desafios que julguei não conseguir. Mas meu filho mais velho me escreveu uma carta relembrando tudo o que eu sempre disse para eles: ‘acredite! Não desista! Corra atrás dos seus sonhos! Faça direito que uma hora o reconhecimento virá!’. E foi por eles que eu não desisti.”
Não desista, garota! Você tem uma longa caminhada nesta missão de coragem, de inclusão e de integração de pessoas e de sonhos.