ELIANE POTIGUARA: LITERATURA E CAUSA INDÍGENA

Há alguns anos, tive a honra de participar, num Simpósio sobre Saúde do Adolescente, presidindo uma mesa redonda sobre “DIFERENTES ADOLESCÊNCIAS”, do qual fez parte, uma pessoa muito especial: ELIANE POTIGUARA.Um nome praticamente desconhecido no meio acadêmico e da mídia. Ela é neta de imigrantes nordestinos, de ascendência indígena, sua origem étnica é Potiguara, graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, escritora e militante pela causa indígena. Fundadora do GRUMIN (Grupo de Mulheres de Educação Indígena), participou da elaboração da Declaração Universal dos Direitos do Povo Indígena, sob a chancela da ONU, tendo sido nomeda por esse importante órgão internacional para ser Embaixadora Universal da Paz. Participou de inúmeros Simpósios e Conferências tendo como tema central a causa dos Índios do nosso país. Essa mulher batalhadora faz parte do programa Mil Mulheres ao Prêmio Nobel da Paz, tendo sido indicada para o mesmo em 2005.Vale lembrar que, em Conferência da ONU, em 1995, no Tribunal das Histórias Não Contadas e Direitos Humanos das Mulheres, ela contou a saga da sua família que emigrou das terras da Paraíba (1920) devido ações violentas de colonizadores, e o terror psicológico, físico e moral que passou por estar defendendo direitos lícitos da sua gente, do racismo e da exploração.
Adotou a Literatura como um palanque para gritar pelo seu povo, pelos excluídos, sem voz e sem vez, tendo escrito vários livros, entre eles: A Terra e a Mãe do Índio (1989), O Pássaro Encantado (2015), A Cura da Terra (2015) e o mais conhecido dos seus livros: METADE CARA, METADE MÁSCARA (2004). Essa bela obra conta o amor de um casal indígena que se separou na época da colonização brasileira. O livro aborda, de maneira magnífica, sobre o papel fundamental da mulher indígena no contexto cultural, e sua contribuição para a grandeza das mulheres na nossa história. Em linguagem forte, determinada, apreciamos o desvelamento da consciência e da determinação de uma mulher admirável que nos ensina o valor da força interior, da honestidade, da dedicação e da ética. É de entristecer, e ao mesmo tempo motivo de orgulho, saber que essa GRANDE HEROÍNA BRASILEIRA não é lembrada pela mídia, encontra-se escondida no anonimato, honrando a Pátria em outros horizontes! Ela, como tantos brasileiros de renome no exterior, eleva o nome do nosso país, enquanto por aqui, se faz a apologia de jogadores de futebol e de participantes de “reality shows” elevando-os à categoria de heróis. Um dia, com a Educação do nosso povo, das nossas crianças e dos jovens, essa realidade vai mudar! Não podemos perder a esperança!