Entrevista da Semana
A entrevistada desta semana é a professora Elizabete Monteiro da Silva Guimarães, presidente da APL (Academia Pindamonhangabense de Letras). Sua história com a APL soma cerca de quatro décadas de dedicação e de contribuição à cultura e à literatura da cidade e da região.
TN: Quantos anos tem a Academia Pindamonhangabense de Letras?
A Academia foi fundada em 1962: tem 57 anos.
TN: Qual a principal finalidade da APL?
Quando ela foi fundada, a principal função era reunir um grupo de intelectuais que cultuava literatura, poesia e falava um pouco sobre a história de Pindamonhangaba. Hoje, eu ainda vejo a Academia como um resguardo da literatura e da poesia local e brasileira. Um incentivo às crianças, aos jovens e aos adultos para a leitura e para a escrita.
TN: Há quanto tempo está na APL?
Nessa última gestão estou desde 2016, mas minha história com a Academia vem de quase 40 anos. Eu entrei muito jovem, convidada pelo doutor Valdez, após publicar um ‘livrinho’. Eu não conhecia muita gente, mas convivi com escritores e com pessoas muito queridas. Dentre elas, o doutor Piorino Filho, que me ensinou tudo o que sei nessa área. Eu nem tinha experiência e eles me contrataram para ser secretária e mesmo em meio às dificuldades de horário para a família, eu me dediquei à Academia e não me arrependo.
TN: Como acadêmica qual sua maior contribuição para a APL?
Bom, eu fui a segunda mulher na presidência da Academia. Como sou professora, sempre procurei unir meu trabalho de formação às atividades desenvolvidas na Academia. Aqui, publiquei 12 livros; participei de projetos e ajudei a elaborar muitos eventos regionais; mas uma das minhas maiores alegrias é a oficina de poesia que eu e outras acadêmicas fazemos na Casa de Custódia, em Taubaté. O projeto começou em 2016, quando eu tive vontade de fazer alguma coisa relacionada a presídios… Meu pai foi, por um bom tempo, sargento da delegacia de Pinda e se aposentou como tenente na Casa Custódia. Desde pequena eu ia lá com ele, e achava tudo muito divertido: nós íamos de cela em cela levando lápis de cor e papel; e o que eles desenhavam ou pintavam ficaram na minha mente. Então, já na Academia, eu desejava ter um projeto relevante e inovador. Com a ajuda de outra funcionária, conversamos com os diretores do presídio e estamos até hoje indo uma vez por mês para dar a oficina ‘As Asas da Poesia’. Confesso que no primeiro dia foi bem difícil ver todas naquela situação… Até voltamos de lá chorando. Mas hoje, ver o quanto elas adoram escrever; ver as excelentes poesias e textos… Elas dizem que até rezam para que chegue o dia logo, pois é ali que elas conseguem transmitir seus sentimentos. É gratificante vivenciar isso!
TN: Algum outro projeto marcante?
Além desta oficina, e das premiações que realizamos constantemente, em 2010, eu fiz o ‘Primeiro Encontro de Academias de Letras do Vale do Paraíba’. Eu fui, pessoalmente, de cidade em cidade levando o convite; confeccionamos as pastas que cada um recebeu; os prêmios e incentivamos iniciativas que melhorassem os acessos às bibliotecas. A Ruth Guimarães, que era da Academia Paulista de Letras, foi nossa anfitriã e, durante dois dias de evento, cada um pôde expor e vender seus livros.
TN: Em qual local é possível encontrar obras dos acadêmicos?
Já tivemos estandes em outros espaços, mas hoje, além da sede da Academia, nossos livros estão disponíveis no supermercado Excelsior. Que, aliás, aproveito para agradecê-los pelo incentivo e pelo apoio. Também agradeço imensamente à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e aos envolvidos por este espaço e por todo o apoio e acolhimento a nós acadêmicos.
TN: Ao deixar a presidência da APL, qual seu legado?
Pela minha atuação aqui, já fui presidente do Conselho Municipal de Cultura, além de ser homenageada pela Câmara Municipal pelos meus livros publicados. É claro que nós, acadêmicos, temos muitos planos de melhoria, principalmente financeira, mas acredito que a Academia esteja num patamar muito bom. Com um grupo que se gosta e se respeita. Acredito que o próximo presidente comandará muito bem por ter um grande conhecimento na área e por ser um ótimo escritor. Com certeza, ele está cheio de ideias para melhorar ainda mais este trabalho. Vale a pena destacar que muitas pessoas já saíram até de depressões por conta da Academia, porque encontram aqui um grupo semelhante, um reduto que elas se identificam.
TN: Qual o último trabalho coletivo da Academia?
Acredito que se tivéssemos condições, publicaríamos livros todo mês… Mas este ano, publicamos a antologia “Poética da Liberdade”. Que ficou linda e envolveu muitos membros, até alguns que nunca tinham publicado antes. Foi surpreendente. Aproveito este espaço para dizer ‘meu muito obrigada a todos que fazem parte da nossa rica história’!
RAIO-X Da apl
Quantos anos tem a instituição: 57 anos
Quantos membros: 39 Titulares e 12 Honorários. Total de 51 acadêmicos
Encontros: última sexta-feira do mês
Onde: Rua Deputado Claro César, 33, Centro
Stand: livros publicados por acadêmicos estão disponíveis no supermercado Excelsior para comercialização