Especial “Mês dos Pais”: Barba, cabelo e bigode
Às vésperas do “Dia dos Pais”, abordamos por que as novas barbearias têm se tornado refúgio masculino
Skate, prancha, vitrola, guitarra, cerveja, petiscos, mesa de bilhar, motocicletas desativadas, relíquias e penduricalhos em um ambiente retrô…
Não estamos falando de um ‘barzinho’, de uma danceteria ou de uma garagem – embora muitas comecem em garagens até ganhar visibilidade – é o caso da Roots Barber, barbearia localizada no Parque das Nações, em Pindamonhangaba.
“Roots significa raiz; original; primeira; essência… E é esse significado que trazemos pra cá”, explica o proprietário Reinaldo César de Souza, mais conhecido como “Urtigão”. Ele conta que tem a barbearia há pouco mais de três anos; mas que antes, trabalhava em sua casa. “Comecei na garagem de casa e assim que ganhamos uma boa clientela, viemos para este espaço”.
Reinaldo teve uma loja de ferragens, já foi vendedor de produtos de salão e quando percebeu o novo nicho de mercado, estudou, se especializou e montou sua barbearia. E ele garante que clientes não faltam.
“Eu acredito que não seja modinha não. É uma tendência que veio pra ficar mesmo. Se a gente se especializa, busca novos conhecimentos e agrada o cliente, ele fica satisfeito e volta. Isso é mercado. E está em alta.”
Reinaldo César
de Souza, o “Urtigão”
Rafael Wenzel trabalha com ele e conta que também atuou com vendas no varejo, e em fábrica e teve diversos ramos de atividade até se descobrir nesta área pela qual se diz muito satisfeito. “Outro dia recebi um convite para trabalhar em uma fábrica, mas não aceitei, prefiro atuar aqui, tendo cada cabeça como um ‘quadro em branco’, e sabendo que nós, barbeiros, cabeleireiros podemos trabalhar como verdadeiros artistas”, diz Rafael. “Quando o cliente vem e gosta, ele volta. Ele elogia. Ele fica fã. Isso é gratificante!”
Nova tendência
Cada vez mais requintadas e tematizadas, as novas barbearias vieram pra ficar. É o que diz a instrutora de moda Patrícia Santos. “O homem está cada vez mais preocupado com a aparência; e esses novos modelos de cortes e de barbearias vieram para revolucionar a moda masculina. Em todas as cidades e em qualquer bairro é possível encontrar um espaço desses cheio de clientes aguardando a sua vez para ‘arrasar’ no visual”, afirma.
No quesito barba, seja estilo “lenhador”, mais aparada, mais despojada ou degradê, elas também estão em alta e isso leva mais clientes às barbearias.
Mas nem só de beleza vivem os salões masculinos. Aproveitando o que os novos espaços oferecem, há marmanjos que entram apenas para conversar mesmo. Para “jogar conversa fora” e espairecer.
“Eu tenho um amigo que vem aqui na barbearia e fala: ‘Eu só estou fugindo de casa hoje. Não vim fazer nada não’. E fica aqui batendo papo enquanto eu corto outros cabelos”, comenta Rafael.
Reinaldo acrescenta que alguns pegam um refrigerante, uma água, uma bebida e engata em um bom papo até nem ver a hora passar.
Sobre essa prática, a terapeuta Thalita Georgete diz que “tanto a mulher quanto o homem tem a necessidade de falar, de desabafar, de dar risada ou de apenas ‘jogar conversa fora’. O ser humano é sociável. Ele precisa estar com outras pessoas, expor suas opiniões e seus anseios. E estes espaços vieram para acrescentar às opções existentes. Eles são verdadeiros refúgios para essa troca de vivência”, destaca Thalita.
Não é de se assustar que daqui para frente alguns homens deixem o ‘barzinho convencional’ e quando atender a uma ligação responda simplesmente: “Estou na barbearia!”
“Meu filho tem muito orgulho de cortar o cabelo comigo e conta para todos os amiguinhos dele. É uma delícia poder proporcionar isso para ele. Aliás, ser pai é maravilhoso!”
Rafael Wenzel
(que também é pai
da Melissa, 6 anos)
CURIOSIDADE
De acordo com a ABF (Associação Brasileira de Franchising), o segmento de saúde, beleza e bem-estar teve crescimento em torno de 10% na última década, chegando a faturar cerca de R$100 bilhões. O mais curioso é que 30% desse faturamento, segundo a associação, veio do público masculino.