Especial “Mês dos Pais”: Missão dada é missão cumprida!

Por trás de uma missão de ajuda ao próximo um “paizão” que acolhe a todos sem distinção

Seus filhos biológicos são dois. Os “de coração e ensinamento”, cerca de 20. Por acolhimento, já são mais de cem… Não é exagero dizer que Vradmir Donizete Mendes Penido, o cabeleireiro Vrady, tem centenas de filhos. Isso porque ao longo dos últimos 15 anos – 17 pra ser mais exata, ele vem cuidando de uma multidão de pessoas. E este cuidado vai além do “partir do pão”. Ele leva carinho, ‘ouvido’ e amizade para moradores de ruas e pessoas em situações de vulnerabilidade social.
Quando ele iniciou esta missão, em São Paulo, seu filho mais velho tinha apenas quatro anos de idade. Hoje, com 21 anos, Allan diz que aprende muito neste trabalho e que não é só alimento que eles levam, mas é fé e esperança. “Podemos dizer que na missão não estamos somente ajudando o próximo, mas também nos ajudando e nos transformando em seres humanos melhores, pois levamos e trazemos histórias, ensinamentos, palavras de conforto e orações”, conta Allan. “É gratificante ver um olhar sincero cheio de felicidade, após receber o primeiro abraço do dia ou talvez da semana. Afinal, são raras as pessoas que abraçam alguém que está, digamos ‘sujo’ e na rua. Para muitos, somos também os primeiros ‘ouvidos’ do dia. Se fosse possível, eles passariam a madrugada toda contando o que faziam e o que os levou aos desafios que passam hoje”.
Caminhando lado a lado com o esposo, Lucimar Penido, a Lú – que também trabalha com ele no salão durante a semana, tira um tempo para organizar a missão. Hoje, eles cozinham, separam e entregam de forma totalmente gratuita cerca de 50 marmitas de comidas, todo fim de semana. Diversas são as pessoas que recebem. Cada uma tem sua história particular para estar ali. Eles não questionam, não julgam; apenas levam alimento e um pouco de atenção. “Participar dessa missão é o mínimo que podemos fazer diante do tanto que Deus nos dá. É bom ressaltar que antes do alimento, nós levamos amor ao próximo. Levamos carinho, um abraço, uma conversa. Mostramos a essas pessoas em condições de rua que eles também são seres humanos e que merecem atenção”, explica Lú.

“Tudo o que vivemos é graças a esse casal, em especial ao Vrady, que me ensinou tudo que sei até aqui. Cada vitória espiritual e na vida teve a oração dele. Ele é amigo, pai, conselheiro. Ele transmite paz e segurança. É lindo ver o quão ele é apaixonado por Jesus e por Maria. Que Deus o abençoe cada dia mais, e nossa mãezinha o cubra com o manto sagrado”.

– Beatriz da Silva Joaquim Marques de Oliveira

Jovens com uma missão

No sábado à noite é dia de festa. De baladas. E de sair com amigos. Sim e não! Para esses cerca de 20 jovens, a maioria do distrito de Moreira César – e que participam da missão –, primeiro vem a “obrigação e depois a diversão”. Mas, eles não reclamam. Escolheram estar ali e se dizem muito realizados como seres humanos.
“É difícil expressar em palavras tudo que a gente sente e vive na missão. É algo sem explicação, uma sensação única que só quem vai ou já foi sabe. Dar comida aos ‘moradores de rua’; sabendo que vai além da comida, pois levamos carinho, amizade… Como eles dizem: somos os ‘anjos deles’. Mas são eles que são ‘nossos anjos’. Às vezes, saímos de casa no frio e na chuva, mas voltamos da rua com a alma e o corpo renovados, com uma sensação de dever cumprido. Jesus é amor! Então levamos mais do que comida; levamos o amor, que muitas vezes eles não recebem durante o dia. Isso é maravilhoso. Só tenho que agradecer ao Vrady e a Lú, pois sem eles eu não seria a pessoa que sou hoje. Eles são meus pais adotivos, que vou levar para o resto da minha vida.”, diz Ana Julia Ribeiro, uma dos cerca de 20 jovens que participam do trabalho de rua.
Para Paola Caroline, a missão de rua não é algo fácil de ser colocado em prática. “Nem só pela questão financeira, pois Deus sempre provê o alimento físico; a grande questão da missão é o alimento da alma que levamos conosco. Ouvimos diversas histórias, são muitos os motivos que os levam a morar nas ruas. Presenciamos muitas coisas. Por outro lado, muitas vezes chegamos e somos recebidos com sorrisos como se eles estivessem nos esperando; e às vezes, realmente estão. Por poder presenciar essas cenas e crescer com tudo isso, sou imensamente grata a Deus por ter colocado pessoas tão maravilhosas em meu caminho. De uma forma especial, mas não mais importante, por ter me dado de presente esse ‘paizão’ que é o Vrady”.
Ela conta que perdeu seu pai biológico quando tinha apenas 11 anos de idade; então, “me faltava essa figura paterna que cuida, que protege, que aconselha, que puxa a orelha quando é preciso e que, acima de tudo, me abençoa com o carinho que só um pai pode dar. Além de um pai maravilhoso para os filhos de sangue, ele adotou muitos filhos de coração e espirituais, cuidando e abraçando a todos nós!”, afirma.
Tanto o serviço de arrecadação, quanto o de cozimento dos alimentos e o de limpeza dos recipientes é feito através de escala. Todos os jovens, incluindo alguns familiares, participam em esquema de revezamento. Todo sábado. Quem quiser e puder ajudar, entre em contato com Lucimar pelo telefone: (12) 99243-5968.
Luis Ephigenio diz que é “na rua onde o irmão sofre, onde o frio dói, onde o medo toma conta que devemos agir. A própria oração de São Francisco nos ensina que ‘é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado’. Por isso, acredito que vivendo um pouco da dor do próximo nos tornamos mais humanizados, com um olhar diferente para os problemas sociais”, argumenta. “E só fazemos isso porque somos instruídos e acompanhando por duas bênçãos: um casal de Franciscanos que nunca nos deixou a desviar dos bons caminhos”.
Para o idealizador e organizador dessa missão (junto com sua esposa) ele só está cumprindo o que foi lhe incumbido: “Quando você lê que quem faz aos pequeninos está fazendo a Jesus, sei que ainda temos muito a fazer. Por isso essa missão é tão necessária”, destacou Vrady – considerado pelo grupo que ele lidera como um ‘superpaizão’.

“É um aprendizado a cada semana. É como se eu entrasse em uma sala de aula. A gente conhece histórias diferentes, experiências diferentes de pessoas que querem sentir-se acolhidas, fazer parte, mas que elas mesmas acabam se excluindo da sociedade. Inclusive alguns parecem querer ‘se punir por algo’. Mesmo assim, de modo geral, somos bem recebidos. O Vrady é um cara sensacional. É o pai de todos nós. Ele tem um coração gigantesco e verdade naquilo que prega e faz. Ele é fora do comum e transmite paz e sabedoria. Sempre que vou cumprimentá-lo peço benção a ele, pois é como se eu estivesse pedindo benção para o meu pai, pra mim o sentimento é o mesmo”.

– Diego Matheus

 

“Participar da missão é algo gratificante! Acaba sendo um ‘choque de realidade’, já que reclamamos demais, percebemos que não temos tanto motivo assim para reclamar. A parte mais bonita é quando saímos com os adolescentes com idade entre 15 e 16 anos, e eles tratam os moradores de rua, que são excluídos por muitos, como se fosse uma pessoa da sua família ou um amigo. O Vrady tem um papel fundamental nisso, pois é ele quem incentiva e nos ensina sobre o respeito e o acolhimento com nossos irmãos.”

– Jackson Felipe

 

“Eles são a nossa base. Sem eles não existiria missão, não existiria ‘Jovens Franciscanos’. Eu realmente só posso agradecer por eles não terem desistido dos jovens e de mim. Sou eternamente grata por todo amor compartilhado e pelo casal maravilhoso e inspirador que eles são”.

– Ana Júlia Ribeiro

  • Parte da equipe que atua na missão de rua. Na bagagem eles levam além de comida e agasalho, atenção e carinho
  • O casal Vrady e Lú ao lado dos filhos Allan e Rafael, que aprenderam desde cedo a amar o próximo com atitudes