Vanguarda Literária : ÉTICA E POLÍTICA: A VISÃO DE ARISTÓTELES

Os seres humanos, ao longo do tempo, procuram entender qual a forma de governo é a mais apta para proporcionar a vida feliz em comunidade e preservar o bem comum.

O Filósofo Grego Aristóteles (384-322 A.C.) deixou bem claro que a Política (sobre a qual ele escreveu oito livros, em constantes reflexões, certamente na época em que ele era preceptor de Alexandre) não pode ser pensada fora da Moral, a qual, sem dúvida, deve ser posta em prática na melhor forma de governo: A REPÚBLICA ( politéia para ele). Nos tempos atuais vemos, de um lado, os teóricos políticos liberais e Filósofos morais afirmarem que o correto tem prioridade sobre o bem, enquanto, de outro lado, os comunitaristas assuguram o contrário: o bem tem prioridade absoluta sobre o correto. Daí, entendermos que a Ética Grega se interessa pelo que devo fazer para viver bem, enquanto, a Ética Moderna, digamos assim, prioriza o que devo fazer para atuar corretamente.

Voltando ao Filósofo Aristóteles vamos entender que as pessoas não nascem morais ou éticas, e adquirem-nas, por meio do hábito e da educação( paidéia para os gregos). As virtudes morais nos remetem à disposição da alma, ao caráter, ao passo que as virtudes éticas dizem respeito ao agir, à conduta. Assim, entendemos que a Moral e a Ética de Aristóteles baseiam-se na virtude (disposição do homem através da qual se torna bom e capaz para executar uma tarefa excelsa denominada felicidade) da qual depende a vida boa em comunidade, enquanto os Filósofos contemporâneos pensam que a melhor forma de vida não está alicerçada na virtude, e, crê que a sociedade justa é realmente aquela que respeita a liberdade própria de cada indivíduo para ter a escolha de sua concepção do que é uma vida boa. Diante do exposto, apreciamos esse conflito sobre a melhor forma de viver: livremente para ter a oportunidade de escolher a melhor maneira de vida (pensamento dos modernos) ou virtuosamente para colocar o ser humano numa boa sociedade (pensamento grego).

Dessa maneira, observamos que Aristóteles deixou bem evidente que a Ciência Política é a Ética Suprema, portanto a Ética de toda uma sociedade. Para ele, sem dúvida, o propósito moral é que norteita o “bem” para a sociedade e a virtude de um é idealmente o bem do outro. Uma sociedade moral que caminha em busca do bem, para o Filósofo em pauta, esse só será obtido pela verdadeira ação política. Decisões e práticas políticas deve, sem sombra de dúvida, inquestionavelmente, promover valores Morais ou Éticos, cujo objetivo é a FELICIDADE. Assim, entendemos que é importante afirmar que a decantada Ética procura, antes de tudo, saber o que é FELICIDADE e, secundariamente qual a forma de organização política que deve garantir a mesma. Para finalizar, é importante lembrar o Filósofo Francês Michel Foucault( 1926-1984) Historiador de idéias, teórico social,o qual afirmava que que a Ética pode ser tida como a externalização da Moral, portanto o “ethos” refere-se à maneira de SER e de se CONDUZIR ao modo de SER e de FAZER.

  • José Valdez é médico, mestre e doutor pela USP, professor universitário, Magister ad Honorem da Universidade de Bolonha, e Professor Visitante das Universidades de Bonn, Munique, Colônia e Berlim (Alemanha). Professor Convidado da Universidade de Paris V (Sorbonne)