Nossa Terra Nossa Gente : FÁBIO SCHMIDT GOFFI E SUA ICONOGRAFIA DE PINDAMONHANGABA

Dentre as obras historiográficas da Princesa do Norte, reluz “Pindamonhangaba no Século XIX: Cafezais, Servidão e Nobreza”, publicada em 1994, numa belíssima edição em capa dura e papel couchê, pelo seu autor, Fábio Schmidt Goffi.

Nascido em Pindamonhangaba aos 16 de março de 1922, Fábio Schmith Goffi era neto de Ana Maria Moraes César e João Baptista Goffi – nascido em Turim em 1854 e radicado no Bairro Crispim desde 1879.
Descendente dessa numerosa família italiana, o jovem pindamonhangabense graduou-se pela Faculdade de Medicina da USP em 1945 e, após doutorar-se com distinção (1951) e, com distinção, tornar-se Livre Docente – de Técnicas e de Clínica Cirúrgica (1955 e 1966, respectivamente), assumiu o cargo de Professor Titular de Técnica Cirúrgica da Faculdade de Medicina da USP (1977), de que foi proficiente diretor.

Em seu extenso currículo acadêmico como professor de faculdades de Medicina em São Paulo, Goiânia e Taubaté, constam mais de 170 trabalhos de pesquisa em sua área de atuação, o que lhe logrou 12 prêmios científicos, o título de membro de 15 sociedades médicas e de governador para o Brasil do American College of Surgeons.

“Mas a brilhante carreira do Mestre não lhe esgotaria as manifestações de talento. A ciência a que se consagrou, não lhe obliterou o pendor artístico e o senso literário que parecem marcar, indelevelmente, a gente pindamonhangabense. E este livro bem o comprova”, como referendou Geraldo Alckimin Filho no prefácio da supracitada obra.

A mão do Mestre que empunhou o bisturi e o giz ensinando aos alunos de medicina as técnicas das cirurgias mais delicadas é a mesma que portou a caneta de bico de pena sobre o papel em branco, imprimindo nele uma obra de arte magistral, inspirada numa coleção de fotos antigas de Pindamonhangaba do período áureo do café, pertencentes ao seu pai.

Os 56 desenhos de bico de pena selecionados para a publicação de “Pindamonhangaba do Século XIX: Cafezais, Servidão e Nobreza”, datados no período de 1977 a 1989, ilustram a extensa pequisa historiográfica realizada pelo médico literato em riquíssimas fontes bibliográficas (Spix e Martius, Saint-Hilaire, Zaluar, Athayde Marcondes, Waldomiro Benedito de Abreu, César Salgado, Monteiro Lobato, dentre outros) e orais (Ângelo Paes da Silva, João Laerte Sales e Mateus Marcondes Romeiro), apresentada nas primeiras 21 páginas dessa obra de incalculável valor para os estudos históricos da Princesa do Norte!

Nas demais 110 páginas, contemplamos extasiados os desenhos a bico de pena que retratam palacetes, sobrados, solares, fazendas, igrejas, casas, chalés, ruas e ladeiras da pujante Pindamonhangaba do Século XIX.
Nise da Silveira sabiamente dizia que o artista aprende muito mais do íntimo do outro que o médico. No caso de Fábio Schmith Goffi, posso garantir que para essa regra há uma exceção: o médico pindamonhnagabense com seu bisturi artístico – o bico de pena – revela-nos a alma de sua terra natal com a precisão do notável cirurgião que soube, ao longo de seus 87 anos de vida (1922 – 2009), manter viva a chama de seu amor menino por uma princesa imaginária que jamais deixou de ocupar lugar de honra no ateliê de seus dias!

Diante da grandeza dessa obra iconográfica de autoria de um dos médicos literatos mais renomados da Princesa do

Norte e, infelizmente, esgotada, faço um apelo às autoridades competentes: uma segunda edição comemorativa ao centenário de nascimento de Fábio Schmith Goffi, ocorrido em 16 de março de 2022.

P.S.: Aos que desejarem conhecer o memorável “Pindamonhagaba no Século XIX: Cafezais, Sevidão e Nobreza”, o livro encontra-se disponível para consulta na Biblioteca Municipal “Vereador Rômulo Campos D’Arace”.