‘Faces da Resistência’ debate sobre luta das mulheres negras
As Comissões de Direitos Humanos e de Igualdade Racial promoveram, em parceria com os Conselhos da Comunidade Negra, da Cultura e dos Diretos da Mulher, a exposição Faces da Resistência, dia 1o de agosto, na sede da OAB de Pindamonhangaba. A ação foi em alusão ao dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha. O ato recebeu apoio da secretaria municipal da Mulher, Família e Direitos Humanos.
O projeto abriu os eventos do Agosto Lilás no município. A mesa de trabalho foi composta por Rafaela Mendes (Presidente do Conselho dos Negros), Thuany Faria Corrêa (vice-presidente do Conselho dos Negros), Suzete Patrícia da Silva (segunda secretária do CMDM), Márcia Auxiliadora de Oliveira (representantes do Projeto Mulheres em Foco).
Rafaela Mendes fez a abertura agradecendo a todos. Ela comentou sobre a violência que a mulher negra sofre, dentre elas a violência obstétrica, e sobre estarem na base da pirâmide. Suzete Patrícia ressaltou a importância do mês de agosto no combate à violência contra mulher e motivos pelos quais as mulheres negras sofrem mais violência que as não negras no Brasil. De acordo com ela, “dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) comprovam que 21% das mulheres negras são empregadas domésticas, muitas das vezes sem carteira assinada e direito trabalhista”.
Além disso, os estudos comprovam que as mulheres negras estão entre os piores indicadores sociais e econômicos do país. Acerca das condições de vida, na questão de saneamento, de condições estruturais, as mulheres negras são na grande maioria as mais prejudicadas.
Como informação, cerca de 40% das mulheres negras não têm acesso a esgoto. Esses são fatores que influenciam no número de óbitos causados por doenças e também em outras questões relacionadas à saúde pública. Da mesma forma, mulheres negras têm um rendimento médio real menor que a metade da renda de homens brancos. Acima delas também estão os homens negros e em seguida as mulheres brancas. Tais condições se perpetuam por diversos fatores onde a mulher negra enfrenta ainda alguns tabus, como o preconceito de gênero (vivido por toda mulher), o de raça (que versa sobre a população preta e parda) e o de classe (nos quais estão inseridos os mais vulneráveis).
No Mapa da Violência, encontram-se dados alarmantes: enquanto o feminicídio de mulheres negras apontou crescimento de 54,2% entre 2003 e 2013.
Quando não precisa se defender, a mulher negra tem que defender os seus. Também de acordo com o Mapa da Violência, dos cerca de 30 mil jovens entre 15 e 29 anos assassinados por ano no Brasil, 93% são homens e 77% são negros. Além de enfrentar o racismo enraizado que se reflete todos os dias, que lhe priva direitos, afetos, cuidados e até mesmo o exercício de ser quem se é. Diante de tal realidade é necessário haver luta por políticas públicas que garantam os direitos das mulheres negras e façam valer, como também fazer ecoar o grito de mulheres que sofrem e são silenciadas.
A presidente do conselho defendeu a lei de cotas que está prevista para ser votada este ano. Ela destacou “o quanto mulheres Negras ainda estão sujeitas às piores condições de trabalho, menores salários, ocupando postos de trabalho precários e vivendo em lugares sem condições básicas de moradia e sustentabilidade”.
O evento foi encerrado com o documentário das mulheres negras em foco e com a disposição de fotos.