Falta muito conhecimento e sobra paixão

No mundo do voluntariado está sobrando paixão, para dar e até estragar de tanta que temos, mas só a paixão, a solidariedade, a boa vontade, o amor, o carinho, que são necessários e maravilhosos, não basta.

Precisamos ter um voluntariado preparado e organizações sociais também preparadas, pois ambos carecem de capacitação para atender um ao outro, lembrando sempre que isso é para o melhor resultado a quem realmente importa, a clientela da organização ou do grupo de voluntários.

Naturalmente questionamentos como: mas já dou o meu tempo e agora você vem me cobrar treinamento, até parece um emprego.
Eu diria que não só parece, mas é um “emprego”, com a diferença que não recebe um salário ou qualquer outro benefício para isso, tem horário, tem compromisso, tem responsabilidade, deve ter um “contrato” de trabalho, portanto é um trabalho.
Percebam que o nome é trabalho voluntário e para qualquer trabalho é necessário ser capacitado, ter conhecimento de sua atividade, conhecer os riscos, saber os benefícios, entender o resultado, conhecer o público.

Para isso é necessário capacitação, mas do lado da organização, para que ela possa capacitar seus voluntários, é necessário que sua equipe esteja capacitada, para transmitir o conhecimento jurídico, conhecer o que os voluntários buscam, buscar fazer este grupo pensar em time, conhecer a organização, conhecer a atividade que eles irão desenvolver.

Por isso é tão importante que as organizações também sejam capacitadas para poder capacitar.
Voluntário é uma maravilha, mas de boas intenções o mundo está cheio, precisamos fazer o bem, bem-feito para que ninguém fique ou sinta-se prejudicado. O que é combinado e ensinado não é caro. Gestores de organizações sociais, capacitem seus voluntários e tenham uma boa gestão deles. Voluntários cobrem uma boa capacitação e gestão do seu trabalho por parte das organizações sociais.

  • Roberto Ravagnani é palestrante, jornalista, radialista e consultor. Voluntário como palhaço hospitalar há 17 anos, fundador da ONG Canto Cidadão, consultor associado para o voluntariado da GIA Consultores para América Latina e sócio da empresa de consultoria Comunidea.