Figueira das Taipas: a figueira do Imperador
Em Pindamonhangaba, mais precisamente no Distrito de Moreira César, temos uma árvore histórica que abrigou o Príncipe Regente D. Pedro I e sua comitiva, quando seguiam de viagem do Rio de Janeiro para São Paulo para o grito da Independência.
Nos idos dos 1800, as figueiras eram muito comuns nos caminhos dos tropeiros e dos bandeirantes. Esses desbravadores andavam com sementes de figueira nos bolsos, pois é uma espécie muito fácil de germinar, e, jogavam essas sementes pelos caminhos para quando eles eventualmente passassem, houvesse uma árvore para descanso.
Nas Taipas, à sombra da frondosa figueira, D. Pedro I descansou e se encantou pela árvore que, à época, deveria ter por volta de 150 a 200 anos.
Os escritores Spix e Martius registraram a história da figueira das Taipas no livro de suas expedições pelo Brasil e, o que é mais surpreendente, em Portugal, um jovem chamado Joaquim José Eugênio (1900 – 1995) ficou sabendo da história da “Figueira do Imperador” e, encantado pela frondosa árvore, veio para Pindamonhangaba para protegê-la!
Desde que aportou por aqui em 1924, “Seu Joaquim da Figueira” ou “Português da Figueira” – como ficou conhecido -, foi adquirindo as terras próximas à “Figueira do Imperador”, construiu a sua casa e um ponto de comércio próximos à árvore, batizando o armazém com o nome de “Ponto da Figueira Luso-Brasileira”.
“Seu Joaquim da Figueira” cuidou da “Figueira do Imperador” a vida inteira! Travou brigas homéricas com o DER – Departamento de Estradas de Rodagem, a Companhia de Telefone, o Exército e a Companhia de Energia Elétrica para impedir que a sua figueira fosse sacrificada. E, em todos os embates, o “Português da Figueira” saiu vitorioso!
Graças aos cuidados e à proteção de Seu “Joaquim da Figueira”, dois séculos depois da paragem de D. Pedro I na “Figueira das Taipas”, temos preservado um dos maiores patrimônios históricos e ambientais da Princesa do Norte!
A exemplo do “Português da Figueira” precisamos conhecer, difundir e preservar os patrimônios ambientais e naturais do nosso bairro e do nosso município! Só assim, teremos novamente no mundo, um império de árvores tão centenárias e bem cuidados quanto a nossa “Figueira Luso-Brasileira”!
Juraci de Faria Condé é professora, poeta e escritora. Ocupa a Cadeira 40T, Dr. Paulo Emílio D’Alessandro, da Academia Pindamonhagabense de Letras.