Nossa Terra Nossa Gente : FIGUEIRA DAS TAIPAS: A FIGUEIRA DO IMPERADOR, A FIGUEIRA DO JOAQUIM PORTUGUÊS
Em Pindamonhangaba, mais precisamente no Bairro das Taipas, Distrito de Moreira César, temos uma árvore histórica que abrigou o Príncipe Regente D. Pedro I e sua comitiva, quando seguiam de viagem do Rio de Janeiro para São Paulo para o grito da Independência.
Nos idos dos 1800, as figueiras eram muito comuns nos caminhos dos tropeiros e dos bandeirantes. Esses desbravadores andavam com sementes de figueira nos bolsos, pois é uma espécie muito fácil de germinar, e, jogavam essas sementes pelos caminhos para quando eles eventualmente passassem, houvesse uma árvore para descanso.
Nas Taipas, à sombra da frondosa figueira, D. Pedro I descansou e se encantou pela árvore que, à época, deveria ter por volta de 150 a 200 anos.
O zoólogo Johan Baptist von Spix e o botânico Carl Friederich Martius registraram a história do rancho ao lado da figueira das Taipas no livro “Viagem pelo Brasil: 1817 – 1820”: Todos os que passaram por nós, montados em mulas, mostravam-se excelentes cavaleiros, sobretudo pela pressa com que procuravam fugir às trovoadas, que ameaçavam de todos os lados. A nossa tropa vagarosa, porém, teve que aguentar três violentos aguaceiros, e chegou precisamente quando escurecia a um miserável rancho com uma venda, denominada “As Taipas”, onde apenas achamos espaço para descarregar a nossa bagagem encharcada.
Graças a esses registros de Spix e Martius no livro de suas expedições pelo Brasil, um fato surpreendente inspirou um leitor do outro lado do Atlântico, mais precisamente em Portugal, o jovem Joaquim José Eugênio (1900 – 1995), que, ao saber da existência desse local em Pindamonhangaba, particularmente muito apreciado por D. Pedro I, o jovem português deslumbrou a possibilidade de vir conhecer a “Figueira do Imperador” e, quiçá, empreender um comércio no seu entorno.
Ao aportar no Bairro das Taipas, em 1924, o jovem português teve a sorte de casar-se com a filha do proprietário das terras – Seu Barbieri – o que permitiu-lhe com o dote de terras, construir próximo à frondosa árvore, a casa da família e um ponto de comércio muito frequentado por motoristas e romeiros da antiga rodovia Rio-São Paulo: o “Ponto da Figueira Luso-Brasileira”.
“Seu Joaquim da Figueira” ou “Português da Figueira” – como ficou conhecido – cuidou da “Figueira do Imperador” a vida inteira e foi um grande defensor de sua histórica existência! Travou brigas homéricas com o DER – Departamento de Estradas de Rodagem, a Companhia de Telefone, o Exército e a Companhia de Energia Elétrica para impedir que a sua figueira fosse sacrificada. E, em todos os embates, o “Português da Figueira” saiu vitorioso!
Graças à proteção de Seu “Joaquim da Figueira”, dois séculos depois da paragem de D. Pedro I na “Figueira das Taipas”, temos preservado um dos maiores patrimônios históricos e ambientais da Princesa do Norte!
Tendo em vista o desmedido amor à essa figueira tricentenária, em 2016, a Câmara Municipal de Pindamonhangaba concedeu a Joaquim José Eugênio, “post mortem”, uma de suas maiores honrarias – a Medalha do Mérito Athayde Marcondes – entregue anualmente a um cidadão, empresa ou instituição que tenha contribuído destacadamente para a história e a cultura de Pindamonhangaba. A exemplo do “Joaquim da Figueira” precisamos conhecer, difundir e preservar os patrimônios ambientais e naturais do nosso município e do nosso país! A exemplo dos antigos tropeiros e bandeirantes precisamos encher nossos bolsos de sementes e espalhá-las pelos nossos caminhos… Só assim, teremos novamente no mundo, um império de árvores tão centenárias e bem cuidados como a nossa célebre “Figueira Luso-Brasileira”!