Vanguarda Literária : Filosofia da Religião : algumas reflexões
A Filosofia da Religião investiga a esfera espiritual inerente ao ser humano, do ponto de vista da Metafísica, da Antropologia e da Ética. A indagação: “Deus existe?” é uma questão central, primordial, desse ramo do conhecimento científico. Santo Anselmo (Itália-1033-1109), na sua obra PROSLOGION, como filósofo, criou o argumento denominado ontológico pra estabelecer não só a existência do maior ser concebível, e, consequentemente os vários atributos que Deus deve ter consigo, justamente por ser o maior: onipotente, onisciente e onipresente. Com isso, ele queria dizer que seu argumento é válido única e exclusivamente para Deus, uma vez que a relação entre Ele e grandeza e perfeição é única.Trata-se de uma afirmação analítica, visto que tal conceito de Ser Superior contém a ideia de existência, sendo a afirmativa: “Deus não existe!”, uma flagrante contradição. Seu argumento foi contestado pelo maior teólogo da Igreja Católica: São Tomás de Aquino (Itália,1225-1274) que nos legou uma obra chamada SUMA TEOLÓGICA. Afirmava que a expressão: “Deus existe” não é evidente por si mesmo, e não pode ser estabelecida unicamente pelo uso da razão, apenas com argumentos que tenham como base evidências originárias da natureza do mundo, estabelecendo demonstrações, argumentos cosmológicos moral e eleológico, argumentos esses que não são o tema dessas breves reflexões.
Aqui, surge outra importante questão: como explicar a existência do Universo? Na visão do Filósofo da Religião Richard Swinburne, Professor de Oxford, autor da obra: “Será que Deus existe?”, considerado um dos maiores Filósofos da Religião no nosso planeta, obra essa traduzida para o nosso idioma, em 1998, Deus é a melhor explicação para a origem do Universo, uma vez que as explicações científicas não conseguem esclarecer.
É muito interessante observar que, na tradição ocidental, perfeição e realidade última definem a excelsa natureza de Deus. Assim, vamos entender que esses dois conceitos, intimamente ligados, remetem-nos a ideia de Deus criador, possuidor, portanto, de onipotência (tudo pode), onisciência (tudo sabe) e onipresença (está presente em todos os lugares), perfeição e transcendendo tempo e espaço.
Santo Agostinho, o Bispo de Hipona, (354-430) autor de CONFISSÕES afirma que, pensar em Deus representa tentar conceber algo tal, que nada de mais excelente ou sublime existe, e que tudo o que Deus criou é bom, e, o mal só acontece quando sua criação é interrompida, afirmando: “O mal existe devido o pecado voluntário da alma, à qual Deus deu livre escolha”. O livre-arbítrio do homem, portanto, o conduz às suas ações, sejam elas maléficas ou benéficas.