Vanguarda Literária : HEGEL E A HISTÓRIA. BREVES CONSIDERAÇÕES

GEORG WIHELM FRIEDRICH HEGEL foi um Filósofo germânico (Stutgart-27/08/1770 – Berlim-14/11/1831), tendo vivido portanto 61 anos. Recebeu influência de Kant, Descartes e Schelling, tendo, por sua vez, influenciado Nietsche, Heidegger e Theodor Adorno entre outros.

Sua obra “Fenomenologia de Espírito” é considerada um marco da Filosofia Mundial. Para ele, o verdadeiro é o “ vir –a -ser de si mesmo” e a liberdade está na Política, no Estado, sendo este considerado como a melhor manifestação do Espírito Absoluto, entidade essencialmente ontológica. Segundo os estudiosos, Hegel criou a base lógica sobre a qual Karl Max trabalhou para criar o Marxismo. Hegel afirmava que as concepções filosóficas do passado eram sem vida, não históricas e tendenciosas, razão pela qual defendeu a forte ligação entre História e Filosofia. O seu pensamento sobre a História está exposto, em sua maior parte, na obra póstuma INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DA HISTÓRIA. Para compreendermos qual o sentido de História que ele nos apresenta torna-se necessário ter presente a sua compreensão de homem, que, para ele é um ser racional e ,por isso mesmo, livre. Em todo ser humano existe um pensamento, existe uma concepção de História. Para HEGEL, portanto, a História começa apenas com os povos que têm consciência da sua existência, somente plenificada com a sua concepção de Estado. Segundo esse filósofo o historiador descreve os acontecimentos factuais, de caráter limitado, acontecimentos singulares , e o Filósofo é aquele que deve pensar a História a partir da razões da mesma, não investiga as causas e a as consequências, e, sim, o fundamento das mesmas, trazendo-nos a noção de que os Filósofos pensam a História a partir da HISTÓRIA UNIVERSAL, jamais a partir de acontecimentos isolados. Portanto, a Filosofia vê a partir do racional e HEGEL coloca que a Razão rege a História, ela possui um fim, um sentido, sendo, por conseguinte uma substância ativa e consciente. Para ele a Razão é sinônimo de Espírito Absoluto e, a partir dessa compreensão, esse Filósofo trabalha a concepção do Deus Cristão Abstrato e Universal que não é um Deus de um só povo.

Como exposto, os homens são agentes da História e não sujeitos, pois, o sujeito é a Razão que está identificada com Deus, sendo o espírito-Deus o intelecto, o mentor, o arquiteto, e os homens são as figuras que dão realidade a esse projeto divino. Daí ele criticar os historiadores que pensam a História começando e terminando com eles, o objeto se prende, dessa maneira, na sua visão, a elementos muito restritos. Compreende HEGEL que toda a História Humana tem , como ponto de partida, a contradição entre ser ( essência) e existência e, como ponto de chegada, um auto-esclarecimento, portanto, sua essência está em harmonia com a sua existência.

  • José Valdez é médico, mestre e doutor pela USP, professor universitário, Magister ad Honorem da Universidade de Bolonha, e Professor Visitante das Universidades de Bonn, Munique, Colônia e Berlim (Alemanha). Professor Convidado da Universidade de Paris V (Sorbonne)