Nossa Terra Nossa Gente : IGREJA SANTA RITA DO MAÇAIM, PATRIMÔNIO DA FAZENDA SANTA HELENA, CARTÃO-POSTAL DE PINDAMONHANGABA

A construção da Igreja Santa Rita do Maçaim teve início no final do século XIX tendo sido concluída em 1900, por sonho do negociante Antônio Pinto Madureira e de sua esposa Joana Izaura da Silva Madureira, com a ajuda de devotos, inspirados na arquitetura da Catedral de Miranda do Douro, na província de Trás-os-Montes, nordeste de Portugal, de onde os Pinto Madureira migraram para Pindamonhangaba no final do século XIX. Foi aqui que eles se estabeleceram, criaram os cinco filhos – Maria, Francisco, Antônio, José e Álvaro -, celebraram a chegada dos netos e, com a numerosa família, escreveram sua história nas páginas desta cidade princesa.
Patrimônio da Fazenda Santa Helena, a Igreja de Santa Rita, no bairro do Maçaim, situa-se numa área privilegiada e plana, às margens do Rio Paraíba e da Rodovia Dr. Carlos Gomes Figueiredo, entre duas fileiras de imponentes palmeiras imperiais, um belíssimo arvoredo e um tapete verde de pastagem que concede cenário pitoresco às paredes brancas da ermida de “frontispício elegante, com uma torre no centro, dois sinos e o relógio”. Ainda no relato de Athayde Marcondes em seu livro Pindamonhangaba através de dois e meio séculos (1922), a descrição interna da capela em seus primórdios: “o altar-mor e os altares laterais, ligados à parede, são de estuque. Tem dois compartimentos ao fundo: sacristia e uma sala para escola. O forro da capela-mor e do corpo da igreja são decorados”. Sobre a porta de entrada, há um pequeno orago com a imagem da santa homenageada e, no topo do campanário, reina absoluto o galo dos ventos.
Para a edificação do templo católico consagrado à Santa Rita, os Pinto Madureira contaram com os serviços do engenheiro Dr. Alfredo Valentini que, por sua vez, ao aceitar o desafio de reproduzir o projeto arquitetônico da catedral portuguesa em terras pindamonhangabenses, registra a sua competência profissional em cada linha traçada, nas pedras do alicerce, nos tijolos das paredes, nos azulejos hidráulicos do mosaico do piso, nas telhas assentadas no madeiramento do telhado, nos fios que propiciam a iluminação interna e externa da ermida, nos detalhes da decoração.
Neste mais de um século de existência, a Igreja de Santa Rita do Maçaim não foi só palco de missas, casamentos, batizados e celebrações festivas: abrigou por muitos anos, uma das primeiras escolas rurais do município, a “Escola Mista da Fazenda Santa Rita”, tendo como professora, a filha mais velha dos Pinto Madureira: Maria da Silva Madureira (1896 – 1985), mais conhecida como “Dona Minica”.
Apesar de sua origem católica, atualmente, a Igreja de Santa Rita do Maçaim é conservada pela Igreja Luterana e constitui parte do patrimônio histórico da cidade. Reconhecida como ‘a menina dos olhos’ de renomados pintores, fotógrafos profissionais e amadores, ciclistas e motoristas que trafegam pela rodovia, os registros fotográficos deste cartão-postal de Pindamonhangaba têm sido postados com frequência nas redes sociais e exibem sua beleza sob diversos ângulos, em diversos períodos do dia e em todas as estações. Beleza que enfeita o trajeto dos romeiros em peregrinação ao Santuário de Aparecida e, por conseguinte, parada obrigatória para uma foto na porteira, um respiro, uma oração – matéria-prima para a tessitura da vida e para “um descanso na loucura” (Guimarães Rosa).
Muitas histórias estão ainda por ser contadas do lado de dentro e do lado de fora das janelas da igreja-réplica da catedral portuguesa que, certamente, em seus primórdios, apaziguou um pouco da saudade dos Pinto Madureira das terras de além-mar. Outros proprietários adquiriram as terras que eles um dia cultivaram e, sob à batuta de novas administrações, outros empregados cuidaram do rebanho bovino, das plantações, das cercas, das novas edificações, da manutenção da capela dedicada à Santa Rita.
Nesses 121 anos da Igreja de Santa Rita do Maçaim, tudo se modificou no seu entorno; apenas ela permanece intacta, como o sonho lusitano de Antônio e Izaura, edificado no meio do campo, branca como as asas do anjo da saudade que a transportou de Portugal para nossa terra, nossa gente.

Sinceros agradecimentos à Drª Maura Salgado Valentini que, gentilmente, concedeu-me esta entrevista e o prazer de conhecer a história de sua família (pelos laços materno, é bisneta de Antonio e Izaura e, pelos laços paterno, neta de Alfredo Valentini).

  • Catedral de Miranda do Douro, Portugal
  • Igreja Santa Rita do Maçaim, Pindamonhangaba