“Inspire-se”: Adocicando a vida…

Sou profissional autônoma. Mas já trabalhei em várias áreas. Fui auxiliar de escritório. Babá. Trabalhei em crediário de lojas. Fui empregada doméstica. Vendo roupas. Já fiz muita faxina; e se precisar, faço hoje também. Trabalho não envergonha ninguém, filha. Se você me perguntar o que eu mais gosto de fazer, não estranhe, vou responder: ‘trabalhar’. É o que eu gosto!
Na verdade, eu gosto de fazer o bem. De ajudar as pessoas. De fazer meus bolos, meus ‘salgadinhos de festa’ e os ovos de Páscoa. Ah, meus ovos de Páscoa… Ontem mesmo fui para São Paulo fazer entregas. Levei duas caixas cheias. Saí de casa por volta das cinco horas da manhã. Fui a pé até a rodoviária. Com meu carrinho de compras e as caixas cheias de ovos de chocolate. Eram encomendas.
Peguei ônibus. Metrô e trem. Às vezes, não paro nem para almoçar… Entrego os pedidos e volto ‘voando’ pra casa.
Nossa! Eu faço ovos de chocolate há tanto tempo… Eu tenho uma cliente em São Paulo que me encomenda ovos há uns 25 anos. Comecei em 1994. São 25 anos fazendo ovos de chocolate e mais de 30 fazendo bolos e salgados para festas. É uma vida, né!?
Em todos esses anos nunca me faltou encomenda. Vendo para pessoas de diversos bairros de Pinda, de Taubaté; vendo no ABC Paulista. Na capital. Já vendi ovos até pra um cliente no Estado de Alagoas. Foi pelo Correio.
Bom, deve ser amor, né, o ingrediente secreto [risos].
Faço tudo com muito amor!
Sou aquele tipo de mãe “faz-tudo”. Gosto de ser assim. Tenho quatro filhos, mas somente a caçula [a Dayane] é que ainda mora comigo. Os outros já são casados. Tenho quatro netos. Pela distância e ‘afazeres’ diários acabamos nos vendo pouco, mas o amor é o mesmo.
Afilhados? Tenho 28 [muitos risos].
Foi acontecendo… Batizei a filha de uma amiga. Quando o filho dela nasceu, me deu para eu batizar também. Já batizei sobrinhos, filhos de afilhados e assim por diante. Tenho loucura por crianças.
… Aqui no bairro faço ‘presentinhos’ para todos que posso. É Páscoa. É Natal. Eu estou sempre presenteando a criançada com meus produtos. Alguns, quando chega o aniversário já esperam no portão, sabendo que ganharão um ‘presentinho’.
É por isso que não me falta nada. Mesmo depois que meu marido faleceu [lágrimas]. Desculpe! Já faz cinco anos, mas eu ainda me emociono muito… O Devanir sempre foi nosso alicerce. Trabalhador. Amigo. Compreenssivo. É difícil. Muito difícil. Choro por saudade. Pela falta que ele nos faz.
Mas tudo nesta vida tem um propósito. Nada nos falta. Eu e a minha filha vivemos uma pela outra. Nos apoiamos. Nos ajudamos. Eu tenho um orgulho danado dela. Dos textos dela. Da faculdade que ela faz. Do quanto os professores sempre elogiaram a inteligência, o esforço e o comportamento dela. Que mãe não gosta, né?
Sou carioca. Mas eu me considero paulista porque cheguei a São Paulo com 9 anos de idade, e tudo que aprendi como pessoa e como profissional foi neste estado. Eu sou filha de nordestino. Meus pais são do Pernambuco. Eu morei lá, antes de completar nove anos de idade.
Nosso País tem pessoas maravilhosas. Sempre tem aquelas egoístas, que só pensam em si mesmas; mas acredito muito na força divina e na lei do retorno. Por isso, elas não costumam me atingir.
Sabe, eu não sou muito de ir à casa de ninguém, mas recebo muito bem em minha casa. Fazemos churrascos, almoços. A maioria dos trabalhos de escola da minha filha era feito aqui em casa. Os colegas dela sabiam que eu estaria junto, ajudando, participando e fazendo um lanche caprichado, claro.
No posto de saúde tenho vários amigas. A Suleir. A Rosângela… Nossa, são tantas. Tenho um carinho imenso por todas elas. Pelo trabalho desses profissionais que acolhem. Que ouvem. Que se preocupam com o paciente.
Sou católica. Praticante. Adoro terços. Tenho vários. De diversos cantos do Brasil. Tenho até um do Vaticano, acredita? O irmão de uma amiga mandou pra mim. Sou uma mulher de oração e fé.
Acordo cedo todos os dias. Durmo tarde. Ando a pé. De ônibus. De metrô. De trem. Carrego caixas. Ando ‘acelerada’ no Brás [centro de compras em São Paulo] em busca de produtos para comprar, além de levar encomendas para entregar. Essa é a minha rotina. Há cada 15 dias faço esse trajeto. Há 10 anos. Desde que vim pra Pinda.
Eu me considero forte sim. Passar tudo que eu passei e passo…
Eu sou Edna Gomes. Tenho 54 anos. Sou moradora do Jardim Rezende em Pindamonhangaba – e este foi o “Inspire-se” de hoje.

 

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