Vanguarda Literária : INTERNET E ADOLESCENTES
O uso da internet pelas pessoas, em especial, pelos adolescentes é um meio de treinar o cérebro, e, segundo alguns cientistas ligados à Neurociência esse exercício propicia a neurogênese cerebral, ou seja: o surgimento de novos neurônios e novas conexões. Entretanto, tal exercício também é um meio de fornecer avalanches de informações, o que difere de conhecimento, visto que, para que isso ocorra se torna necessário introjetar e contextualizar um fato. O grande problema é a exposição exaustiva desses cérebros ao bombardeio de repetidos flashes, imagens luminosas, sem conteúdo e sem estrutura. Tudo já vem feito, sem reflexões, sem questionamentos, transformando-se, pois, em “inteligência cristalizada” desprezando aquelas instruções que se aprendem pela experiência e por importantes fatores de origem sócio-ambiental. Dessa maneira, imaginemos u adolescente que permanece longas horas diárias em frente a uma máquina, para ele, fantástica, sem contato físico, sem diálogo, sem a palavra oral (a linguagem é a morada do Ser, como já escreveu o grande filósofo alemão Martin Heidegger), sem olhos nos olhos, ficando, pois, distante das situações que exigem coragem, iniciativas, tomadas de decisões tão importantes nessa fase do desenvolvimento humano.
Preocupa-nos, deveras, como médico, como professor, enfim, como ser humano, observar que os adolescentes presos a tão somente dois sentidos: visão e audição, naquelas infindas horas, comprometendo o seu desenvolvimento cerebral. Não é preciso ser PhD para saber que esse cérebro tem o seu funcionamento totalmente modificado e comprometido. E, nem vamos falar do estímulo (cerebral) à violência gratuita proporcionado pelos games que a banalizam.
Estudos científicos apontam para o efeito deletério causado pela exposição prolongada à internet, que, bem sabemos, dá origem à sensação de prazer nas pessoas, em especial, aos jovens. O desafio é substituir o momento prazeroso por outro. A Academia Chinesa de Ciências, em 2012, divulgou um trabalho mostrando que os jovens que navegam longos tempos na internet mostram mudanças cerebrais, isso demonstrado por ressonâncias magnéticas funcionais do cérebro, semelhantes às observadas em pessoas em compulsivos jogos de azar. O mecanismo é o mesmo: são estimulados neurônios, que pedem cada vez mais estímulos, tornam-se insaciáveis, exigindo “doses crescentes”, tornando os seres altamente viciados e dependentes.
É importante que todos nós: pais, pediatras, hebiatras (médicos de adolescentes) atentemos a esse fato tão importante. Temos que mostrar aos nossos jovens que o computador não pode ser prioridade absoluta, que eles precisam cursar outras etapas para o desenvolvimento deles, envolvendo-se em outra atividades que proporcionam prazer, tais como: dedicar-se a esportes, curtir a música, a natureza e fazer amigos reais. Temos que refletir seriamente sobre esse assunto, senão, com tristeza, assistiremos o surgir de uma geração de jovens que serão incapazes de pensar em si mesmos e nos seus semelhantes.