História : Jornal Tribuna do Norte completa 134 anos
Faltava um mês para a cidade de Pindamonhangaba completar os seus 177 anos de emancipação político-administrativa quando o jurista, político e poeta Dr. João Marcondes de Moura Romeiro, no dia 11 de junho de 1882, fundou o jornal Tribuna do Norte. Entre os jornais mais antigos do Brasil a TN ocupa a sexta posição, sendo que os outros cinco são todos de capitais (ver quadro nesta página). No Estado de São Paulo só perde em antiguidade para o Estadão (O Estado de São Paulo), fundado em 1875 com a denominação original de A Província de São Paulo (a partir da Proclamação da República, 15/11/1889, é que passou a ser denominado O Estado de São Paulo). No que diz respeito a jornais do interior, a Tribuna é líder absoluta em longevidade.
“O aparecimento de mais um lutador na vasta arena do jornalismo, onde agigantam-se debatem-se e decidem-se todas as questões que interessam à sociedade não constituirá por si só um acontecimento que mereça os aplausos do público; mas seguramente significa que há quem esteja disposto a servir o seu país, e servir com sacrifício”.
Trazendo na capa um editorial de apresentação do jornal à comunidade, iniciado pelo parágrafo acima, a Tribuna veio à luz na tipografia que a denominou, a Typographia Tribuna do Norte.
Athayde Marcondes, em seu livro Pindamonhangaba Através de Dois e Meio Séculos (Tipografia Paulista, São Paulo-SP, 1922), cita que no ano de 1902 ele, Athayde, “adquiriu por compra as oficinas do jornal Tribuna do Norte”. Na mesma obra consta que em 1914 a tipografia foi adquirida pelo dr. Claro César.
Em 1934, quando passou a ser órgão oficial do Partido Republicano Paulista – PRP, funcionava nos fundos do prédio do Clube Literário e Recreativo, que se localizava na avenida Fernando Prestes. No ano seguinte, em 1935, foi transferida para a rua Prudente de Moraes, esquina com a travessa Rui Barbosa, onde funcionou até fins de 1937. Até 21 de julho de 1942 pertenceu ao dr. Claro César, a partir dessa data seu proprietário passou a ser José Martiniano Vieira Ferraz. Após a morte de Martiniano, seu filho, Darcy Vieira Ferraz, tornou-se o responsável pelo jornal. Em 1948 foi arrendado pela União Democrática Nacional – UDN. Em 1955, pela Sociedade de Amigos de Pindamonhangaba.
Apesar dos arrendamentos, até junho de 1962 o jornal pertenceu a Darcy Vieira Ferraz, sendo então doado à Prefeitura. Pertencendo à Prefeitura, passou a circular como “Órgão Dedicado aos Interesses de Pindamonhangaba”, até que a Lei 1084, de 6/3/1969 – assinada pelo prefeito dr. Caio Gomes Figueiredo – o legalizou como Imprensa Oficial para divulgações de leis e atos administrativos.
De 18 de março de 1978 a 19 de setembro de 1980 foi composto pelo sistema offset (impresso na gráfica do jornal Valeparaibano, em São José dos Campos). A falta de condições financeiras fez com que o jornal voltasse a ser composto tipograficamente a partir da edição de 10 de outubro daquele ano.
Fundação Dr. João Romeiro
Em 1980, por intermédio da lei 1.672 de 6/5/1980, o prefeito de Pindamonhangaba, que na época era o dr. Geraldo Alckmin, criou a Fundação “Dr. João Romeiro” (denominação em homenagem ao fundador da Tribuna). Criada com personalidade jurídica de direito privado e destinada ao exercício de atividades jornalísticas, culturais e turísticas, esta Fundação surgia com propósito de manter o jornal.
A partir da criação desta entidade, Executivo e Legislativo municipais passaram a ter responsabilidades nos destinos da Tribuna do Norte, independentemente de partido ou posição política. O Executivo, de acordo com os estatutos da Fundação Dr. João Romeiro, além da subvenção anual, cede servidores municipais para completar o quadro de funcionários da Fundação. O Legislativo é responsável pelos atos relacionados à aprovação da verba anual destinada à mantenedora do jornal.
Seguindo em frente
Em abril de 1986 a Tribuna passou a funcionar na rua dos Bentos, 450, e experimentou sua primeira fase de jornal diário. Foi diário até dezembro de 1988, retornando à sua antiga condição de semanário em janeiro de 1989, permanecendo até março do mesmo ano, quando passou a ser bissemanário.
Desde sua fundação, em 1882, até o ano de 1981 (salvo o período de 1978 a 1980) foi composta tipo por tipo (letra por letra).
Quase 100 anos após sua fundação é que foi adquirida a primeira linotipo e a composição passou a ser a quente (chumbo). A impressão em máquina elétrica só ocorreu a partir de 1971, até então era feita à tração humana, numa “Alauzet” adquirida por um de seus proprietários, o dr. Claro César (esta impressora encontra-se no Museu Histórico e Pedagógico D. Pedro I e Dona Leopoldina, em Pindamonhangaba).
Em 1997, a partir da edição de n.º 6.788 deixou de ser composto pelo sistema a quente (chumbão), aderindo à informatização. Para isto, foi instalada rede de computadores com impressoras e scanners e programas para editoração eletrônica. O passo seguinte foi obter seu endereço eletrônico, e-mail tribuna@iconet.com.br. Prosseguindo sua caminhada secular lado a lado com a evolução, ingressou na internet, fato ocorrido em 2001.
A edição de nº 8.289, de terça-feira, 21 de janeiro de 2014, marcou o retorno do jornal à condição de diário. Na mesma administração municipal que em 1997 encerrou a fase ‘anos de chumbo’ do jornal, substituindo a composição a quente (linotipos) pela composição offset, a Tribuna do Norte retomou sua periodicidade de jornal diário.
Por que Tribuna
O tratamento no feminino – a Tribuna – explica-se pelo fato que no tempo de sua fundação, jornal era denominado “folha” e geralmente possuíam um só caderno. A origem da denominação “folha” surgiu em 1566, em Veneza, Itália, com a iniciativa do governo veneziano de publicar folhas manuscritas, as espalhando pelas ruas. Para lê-las, a população teria que pagar uma pequena quantia chamada “gazetta”. Foi a partir daí que a palavra gazeta (também feminina) passou a ser utilizada para denominar todas as folhas escritas, as publicações políticas, doutrinárias, literárias ou noticiosas.
Retornando ao tempo da fundação da Tribuna do Norte, temos a informação de que naquela época havia um processo tipográfico por intermédio do qual se determinava o formato (altura e largura) e o número de páginas de um periódico de acordo o número de dobras verificadas na folha de papel de impressão.
A folha sem ser dobrada (in plano) formava duas páginas; dobrada ao meio (in fólio) formava quatro páginas; dobrada duas vezes (in quarto) formava oito páginas etc.
A edição nº1 da Tribuna saiu com quatro páginas (in plano), formato 30x46cm, diagramada em cinco colunas, exceto a última página, destinada aos anúncios.
Semanário publicado aos domingos, a folha liberal, depois republicana, do Dr. João Romeiro surgiu com a missão de ser um manifesto, uma “tribuna”. Não o lugar elevado onde os oradores falam, mas antes o púlpito modesto destinado à prática do bom jornalismo.
Por que “do Norte”
O complemento “do Norte” foi atribuído porque Pindamonhangaba, localizada no médio Vale do Paraíba, estava incluída num antigo itinerário dos bandeirantes denominado “Caminho do Norte”, por localizar-se ao Norte da Província de São Paulo, ou seja, da cidade de São Paulo, o ponto de partida dos Bandeirantes rumo a Minas Gerais.
Fonte: Arquivo de exemplares antigos do jornal TN.
Os 10 mais antigos em circulação:
1º – DIÁRIO DE PERNAMBUCO – RECIFE/PE (7/11/1825)
2º – JORNAL DO COMMERCIO – RIO DE JANEIRO/RJ (1/10/1827)
3º – O MOSSOROENSE – MOSSORÓ/RN (17/10/1872) – Em 31 de dezembro de 2015, após 143 anos, dois meses e 15 dias em circulação deixou de circular em papel, mas continua online
4º – O ESTADO DE SÃO PAULO – SÃO PAULO/SP (4/1/1875)
5º – O FLUMINENSE – NITERÓI/RJ (8/5/1878)
6º – TRIBUNA DO NORTE – PINDAMONHANGABA/SP (11/6/1882)
7º – GAZETA DE ALEGRETE – ALEGRETE/RS (1/10/1882)
8º – DIÁRIO POPULAR – SÃO PAULO/SP (8/11/1884)
9º – O TAQUARYENSE – TAQUARI/RS (31/7/1887)
10º – DIÁRIO POPULAR – PELOTAS/RS (27/8/1891)