Registro Cultural : Júlia, a San Martin escritora
Foi com a obra artesanal denominada “Coisas e coisinhas da Maythe”, dedicada à netinha, que ela ingressou no mundo dos autores pindamonhangabenses. Com paciência e dedicação ela montou esse livro registrando primeiramente tudo o que havia acontecido no dia do nascimento da neta. Depois foi montando as páginas com fatos interessantes, engraçados, admiráveis, artes e descobertas da menina ao longo de seu crescimento. Quando Maythe completou quinze anos foi presenteada com essa obra única e maravilhosamente pessoal. Assim nascia… ou assim despertava a vocação adquirida em vidas anteriores a escritora Júlia San Martin Boaventura!
O acontecimento que originaria de fato a primeira publicação tem a participação de seus sobrinhos-netos. Estava a professora Júlia dando aula particular para dois sobrinhos-netos quando chegou um terceiro, eram primos e não sabiam. Foi o que lhe motivou de vez a escrever. Não conseguia aceitar que aquela geração desconhecesse quem era parente, ignorasse seus ascendentes, não soubesse dos avós, do que fizeram, de suas venturas e desventuras… Por conta disso, ela botou a história no papel, começou a escrever “Uma família Espanhola”.
Lançado em outubro de 1995, esse livro narra a saga da aventureira família San Martin em terras brasileiras, desde a chegada a Mogi das Cruzes até finalmente se estabelecer em Pindamonhangaba. Júlia conta que na imigração para o Brasil sua avó trouxe cinco filhos, mas deixou dois na Espanha.
Em outubro de 1996, por conta de um pedido de seu marido, Rubens Moreira Boaventura, lançou “Entre Lembranças e saudade”, obra que conta a história da família Boaventura, descendente de imigrantes portugueses que ao chegar ao Brasil foi se estabelecer na cidade de Areias.
Em junho de 2000, reunindo as melhores redações (desde 1950) de seus alunos, estudantes inteligentes e criativos que viriam a se destacar nas mais diferentes áreas, inclusive na política, ela publicou “Pirilampos”.
Em agosto de 2002, a incansável Júlia, fiel a sua linha de proporcionar ao leitor o conhecimento de sua terra, de sua gente, para a autora “ninguém ama aquilo que não conhece”, presenteou-nos com “Minha Terra, Minha Gente”. Uma obra deliciosamente repleta de crônicas sobre fatos relacionados a eventos festivos, escolas, praças, prédios e demais curiosidades da Pindamonhangaba antiga. Vida e costumes da cidade no período de 1936 a 1946, ricamente ilustrada com fotografias da época.
Apaixonada pela Corporação Musical Euterpe, seu livro mais recente (ela planeja fazer um novo lançamento) é “Euterpe – A Fiel Depositária”, lançado em setembro último. Árduo e longo trabalho de pesquisas que resultou na maior obra literária já dedicada à Euterpe. Obra que ao contar a história da ‘briosa’, assim carinhosamente conhecida, homenageia seus músicos, diretores e apoiadores ao longo dos quase dois séculos de existência da banda. Essa entidade de ouro, cuja história, importância e valor, infelizmente, muitos pindamonhangabenses desconhecem.
Além de sua contribuição à história e resgate da memória de Pindamonhangaba, a acadêmica Júlia San Martin mantém a tradição de elaborar uma publicação especialmente dedicada aos netos. Nos moldes do livro dedicado à netinha Maythe, o contemplado da vez recebe o livro de presente quando completa 18 anos.