Lembranças Literárias : Lágrimas dum velho soldado…
Há muitos anos passados, quando eu ainda era um mocinho imberbe ou um homenzinho com rosto de criança, buscando aventuras, sensações ou uma vida mansa, deixei essa nossa terra-berço sorrindo por fora e chorando por dentro, mas cheio de ilusões e de esperanças, nunca imaginando que o destino malvado, só me reservara as desventuras da dura vida de soldado. E nas minhas andanças, andei por lugares nunca sonhados. Lugares de tristes lembranças. Lugares de amargas memórias. Lugares que dos meus sonhos só tinham os pesadelos. Lugares que não quero lembrá-los. Lugares de horríveis histórias. Lugares de lamúrias, de choros, de desespero e de gemidos. Lugares que não consigo esquecê-los. Acho que é por tudo isso que passei. Das lutas inglórias que travei. Das brigas que briguei. Quando bati. Quando apanhei. Agora que sou um guerreiro descansando das batalhas onde nunca tombei vencido, precisando só de sossego e da calma que bem mereço, é que apalpando as cicatrizes do meu corpo ou recordando dos maus feitos que causei, tristemente reconheço que essas dores do meu peito e as mágoas da minha alma são as únicas medalhas que ganhei.
Quito, Tribuna do Norte, 3/12/1983