História : Lembranças Literárias
Publicada dia 12 de abril de 2022
Numa vereda solitária…
…ela passeia. De alma satisfeita,
canta e caminha, balouçando os braços.
E a fina relva da vereda estreita
vai beijando a leveza de seus passos.
Vai descuidosa. Nem sequer suspeita
que meus olhares – sátiros devassos –
vão-na seguindo, vão sonhando, à estreita,
beijos de fogo, noturnais abraços…
quando ela passa, à margem do caminho
curvam-se as flores, numa reverência
à graça de seu corpo louçainho.
E seu passo é uma lépida cadência
que o vento vem trazer de mansinho
num murmúrio de brejeira confidência…
Hylario Correa, Tribuna do Norte, 7 de junho de 1931