Ligação para São Paulo

Quando minha família se mudou para a cidade eu tinha uns oito anos de idade.

Para a gente mudar para a cidade significava morar no centro.

Quando alguém saía do bairro e ia para o centro, a gente dizia que ele foi para a cidade.

Naquela época eu morava no bairro da Boa Vista, que para nós era muito longe da cidade, aproximadamente uns dois quilômetros.

Pindamonhangaba tinha, na época, somente três bairros: Boa Vista, Campo Alegre e Alto do Tabaú. Hoje tem centenas.

Na cidade, deparamo-nos com uma novidade interessante: nossa nova casa possuía um telefone.

Era daqueles do tipo “caixote”.

Ficava preso à parede, era dotado de uma manivela, um fone de ouvido ligado a caixa por um fio, e um suporte com um microfone onde você falava.

O número de nosso aparelho era 32. É isso mesmo – trinta e dois!

Quando você precisava fazer uma ligação local, simplesmente girava a manivela, tirava o fone de ouvido do gancho e ouvia a voz da telefonista que perguntava para qual número você queria ligar.

Informado o número, 45 por exemplo, a ligação era completada e finalmente você podia falar com o seu interlocutor.

Simples assim!

Se a ligação era interurbana, a coisa se complicava um pouquinho.

Você girava a manivela, tirava o fone de ouvido do gancho e ouvia a telefonista perguntando o número a ser ligado.
Você a informava que precisava, por exemplo, de uma ligação para São Paulo, dizia o número para o qual você precisava ligar, 220, por exemplo, e ela lhe informava que, para completar a ligação, era necessário se dirigir à Companhia Telefônica depois de duas horas.

Seguindo as instruções, depois de duas horas você ia até a telefônica e esperava anunciarem a sua ligação.

De repente, eles anunciavam:

– Ligação para São Paulo, número 220; para atendê-la, dirija-se à cabine de número 3!

Pronto, era só entrar na cabine e falar com o seu interlocutor.
Simples assim!