História : Madrugada com incêndio no centro da cidade

Fogo teve início no estabelecimento de moagem do Café Paraíba e se alastrou por lojas vizinhas na rua 10 de julho.

Vinte e seis anos depois daquele incêndio ocorrido na madrugada de julho de 1921 na antiga “Casa Comercial”, que se encontrava estabelecida na atual rua Bicudo Leme (ver página de história da Tribuna, edição de 13/4/2020), eis que as chamas voltam a alarmar a tranquila população da antiga Pindamonhangaba.

Assim como fora em 1921, o incêndio aconteceu no inverno, também numa madrugada do mês de julho. Mudou o dia da semana, em vez de no domingo, foi numa sexta-feira. O local também foi outro, desta vez se deu em outra importante via pública destinada ao comércio local, a rua 10 de Julho.

Conforme o que foi divulgado pelo jornal Tribuna do Norte do dia 20 de julho de 1947: “Cerca de 3 horas da madrugada de sexta-feira, a atenção dos poucos populares que ainda restavam nas imediações da praça Monsenhor Marcondes, voltou-se para uma nuvem de fumo que se elevava da travessa 10 de julho.É que irrompera, na Moagem do Café Paraíba um violento incêndio que se alastrou rapidamente para os prédios vizinhos, danificando completamente três edifícios sendo um onde funciona o Banco Lotérico, outro a sapataria Casa Para Todos e outro o Café Paraíba”.

Segundo a matéria TN, as pessoas presentes no local na hora dos fatos é que foram responsáveis pela diminuição do prejuízo, “… quer combatendo as chamas, quer salvando as mercadorias”.

O que se viu diante do fogaréu teria sido “…atos de verdadeira coragem, mormente ao se retirar de um dos prédios querosene, aguardente e etc.”.

Destacou, o redator da Tribuna sobre a participação desses voluntários, “…só mesmo a intervenção dessas pessoas pode impedir que o fogo se propagasse ao prédio vizinho, onde se acha instalada uma fábrica de colchões o que, sem dúvida, aumentaria ainda mais a fúria das chamas”.

A participação do 2º BE Cmb

No trabalho de extinguir as chamas, além dos valentes e solidários cidadãos pindamonhangabenses, o jornal ressaltou a pronta ajuda da prefeitura, o prefeito era Nicanor Ramos Nogueira, pelo envio de um tanque de água; a participação do 2º Batalhão de Engenharia, há dois meses aquartelado no município, sob o comando Coronel Felisberto Estevam de Oliveira Baptista, pelo envio de soldados.

Conta a Tribuna que dado o alarme oficial do triste acontecimento, “o oficial de dia do 2º BE enviou imediatamente uma turma de praças para combater o fogo, constituindo isso um grande auxílio”.

A participação do 2º Batalhão de Engenharia (a unidade não contava ainda com o complemento “de Combate”) no combate às chamas foi providencial. Lembrou o outro fogaréu, o incêndio ocorrido na loja “A Casa Comercial” em 1921, quando, também ao lado de heróicos cidadãos civis, militares de outro 2º aquartelado no município, o 2º Corpo de Trem foram soldados do fogo, foram bombeiros.

Inquérito e prejuízo

Na época, o delegado de polícia de Pindamonhangaba, Dr. Hélio Pantaleão, abriu inquérito a fim de apurar a origem do fogo. Infelizmente, não encontramos em edições posteriores fatos relacionados ao assunto.

Já se referindo às perdas, “o prejuízo da Moagem Café Paraíba foram totais não só quanto ao estoque e instalações, como também quanto aos maquinismos. Os demais estabelecimentos, embora não tivesse prejuízos totais, sofreram igualmente grandes perdas”, informou a Tribuna.

Concluindo, , o jornal revela a inexistência de um seguro e que dos prédios sinistrados restara “apenas o paredão de frente, todo corrompido pelo fogo”.

Agradecimento do Cozzi

Na edição seguinte, a de 27/7/47, a Tribuna publica um agradecimento assinado pelo comerciante Antonio Cozzi direcionado ao prefeito, ao comandante do 2º Batalhão de Engenharia, delegado de polícia e às companhias Força e Luz e Telefônica Brasileira.

Antonio Cozzi, proprietário da sapataria Casa Para Todos, vinha por intermédio do jornal Tribuna do Norte demonstrar sua gratidão “pelos auxílios prestados na debelação do incêndio que atingiu os prédios do signatário”, na travessa 10 de Julho, na madrugada do dia 18 de julho”.

Os agradecimento eram extensivos “a todas as pessoas que, por qualquer forma, envidaram os seus esforços para extermínio do incêndio evitando maiores prejuízos…”

  • Acervo San Martin Nas fotos, dois dos estabelecimentos que haviam sido atingidos pelo incêndio (não encontramos a do Banco Lotérico): à esquerda, a sapataria Casa Para Todos; à direita, a casa de moagem do Café Paraíba. As imagens são do acervo de autoria de Agostinho San Martin, já nos anos cinquentas, portanto, mostram os prédios refeitos
  • Acervo San Martin