Editorial : Mais fácil ganhar no pau de sebo do que comprar produtos para caldinhos
Não existe termo mais adequado do que ‘pipocar’ nesta época do ano. Não nos referimos ao ‘pipocar’ como normalmente acontece com Neymar e outros ‘engraçadinhos’ da Seleção Brasileira ou como já ocorreu no passado com o mesmo time.
Desta vez o ‘pipocar’ é de ‘pipoca’ e de várias oportunidades. Isso mesmo, pipoca e em muitas ocasiões. Os compromissos para as tradicionais festas juninas estão ‘pipocando’, ‘estourando’, aparecendo de todos os lados.
Aquele convite ou aquela sua intenção para um caldinho, quentão, bolinho caipira… e por aí vai…
Mas vocês já repararam no custo? Com a chegada do inverno e do frio, os consumidores mudam seus hábitos e as sopas e caldos ganham espaço nas refeições das famílias. Porém, as variações climáticas, aliadas à inflação, têm influenciado o preço de alguns dos principais ingredientes desses pratos, que aquecem essa estação do ano. É o que aponta estudo da Fecomércio/SP – Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo, elaborado com base nos dados do IPCA, do IBGE.
Quem estiver com vontade de preparar uma sopa de feijão, por exemplo, vai descobrir que seu principal ingrediente está 35,82% mais caro do que há um ano. O motivo principal para a elevação do preço está na quebra da safra ocasionada por problemas climáticos no Paraná e São Paulo. Na segunda safra, em abril, a geada afetou a lavoura. O cenário se repetiu em diversas regiões produtoras e, com menos feijão no mercado, os preços dispararam.
Já o arroz e o macarrão, por sua vez, que costumam acompanhar a tradicional canja de galinha, estão, respectivamente, 13,6% e 13,84% mais caros. O preço da cenoura, ingrediente presente em canjas, sopas e caldos, subiu 20,58% no período. Com relação às carnes, o preço do frango inteiro subiu 11,13%, enquanto o do músculo aumentou 7,4%.
De acordo com a Federação, quem quiser fazer um caldo verde deve preparar o bolso, visto que o preço médio da batata inglesa e da couve subiram 58,43% e 13,63% em um ano, respectivamente. No caso da batata, a alta é decorrente do excesso de chuvas nas principais regiões produtoras, como São Paulo, Paraná e Minas Gerais. No caso da couve, não apenas o excesso de chuvas, mas também o frio prejudicou a produção. O preço da linguiça, por sua vez, subiu ‘apenas’ 8,84%.
O azeite e o alho, que costumam fazer parte de praticamente qualquer receita, como são quase sempre importados, sofreram com a alta do dólar e estão bem mais caros: 34,35% no caso do azeite de oliva e 63,4% no caso do alho.
Já a cebola, uma das grandes vilãs da inflação no passado recente, viu seu preço médio subir apenas 4,62% em um ano. Os caldos concentrados, utilizados como tempero pelos cozinheiros mais apressados, estão 13,81% mais caros, em média.
Outro creme muito consumido no inverno, o de palmito, também está mais caro, afinal o alimento teve alta de 12,7%. Já o preço do pãozinho, que costuma acompanhar as sopas, subiu 6,75%. No caso do pão de forma, a elevação foi de 18,28%.
O ideal é organizar uma festa junina ‘light’. O problema será encontrar produtos com menos gordura e açúcar e a preço mais acessível.
Desse jeito ficará mais fácil dançar quadrilha ou subir no pau de sebo do que se divertir comendo as delícias juninas. ‘Eta coisa cara!’.