Vanguarda Literária : MARTINS FONTES: UM GRANDE MÉDICO-POETA

A “Princesa do Litoral Paulista”, a bela cidade de Santos, viu nascer em 1884 um dos seus filhos mais ilustres: MARTINS FONTES, Médico que desenvolveu toda uma vida de amor e dedicação ao próximo, verdadeiro. Discípulo de Hipócrates,e Poeta de recursos variados, deixou uma obra vasta,constituída de mais de duas mil poesias,abrangendo modalidades diversas como: lirismo, epopéia e filosofia.
A sua fama de ser humano com alto espírito humanitário, corria por toda parte, e a respeito
disso ele escreveu numa carta à poetisa Colombina, demonstrando a sua incrível capacidade de amar: “A minha bondade não provém da esperança, é sòmente piedade, uma piedade infinda, um carinho profundo por tudo quanto vive e sofre nesse mundo”.
Deixou várias obras publicadas, entre as quais se destacam: “Verão”(1927), “Boêmia Galante”(1924), “A Flauta Encantada” (1936). Guardo, com muito carinho, uma Antologia preciosa : “Brasil !Vulcão Verdeal”, editada em 1956, com belas poesias do Poeta Santista que escrevia com estilo elegante e linguagem exuberante. Era um erudito que emocionava, bem longe das raias do pedantismo fútil. As suas frases escorreitas, em estilo sublime, eram plenas de sentimentos elevados de amor, fraternidade humana e sobretudo orgulho da nossa Pátria (tão em falta nos dias atuais), como escreveu:

“Ah!Compreendo as razões múltiplas e diretas,
Porque nós no Brasil somos todos Poetas.
Dá-nos orgulho ver que a natureza encerra,
Dentro de um só país, toda a glória da terra!
E, nào se pode ter júbilo mais profundo
Do que sentir que é a Pátria o coração do Mundo!”.
Realmente, o que mais encanta na obra de MARTINS FONTES é a brasilidade da sua Poesia,fato constatado pelos estudiosos da sua obra, como a Acadêmica-Poetisa Cidoca da Silva Velho,de S.Luiz do Paraitinga , que escreveu sobre esse vate invulgar, uma monografia linda e profunda. O soneto que abaixo transcrevo mostra esse sentimento elevado do Grande Poeta que distribuiu entre os seus semelhantes o pão da bondade, mitigando o sofrimento de muitos:

“DOLOR.
Amo! Adoro o Brasil candentemente!
E, condói vê-lo sempre envilecido,
Sem que o conduza um filho bem nascido,
Flor da Terra, bem mais do que da gente.

Ante a sua imponência,em alarido,
Estremeço de orgulho! E, de repente,
Como quem de uma afronta se ressente,
A encantação transmuda-se em brandura.

Faz-me ulular o cínico atentado
Com que a mediocridade oportunista
Ofende, e lesa, e avilta este Eldorado,

Cujo fulgor solar ofusca a vista,
E não foi, para a glória governado
Por um Deus Tropical, Profeta-Artista!”.

Em 1937, o Poeta partiu para a eternidade.Quanta falta fazem os espíritos de luz, como
MARTINS FONTES, nesse país dominado pela mediocridade e incompetência de alguns que cometem o crime de lesa-pátria, tranquilamente navegando no mar da impunidade!
Ave, MARTINS FONTES, honra da Literatura Brasileira!