Mercado de trabalho piora em todo País, aponta IBGE
O mercado de trabalho mostra deterioração generalizada por todo o Brasil. A taxa de desemprego atingiu os maiores níveis já registrados em todas as cinco grandes regiões e em 20 das 27 Unidades da Federação. A situação é ainda pior em São Paulo, coração financeiro e responsável por um quarto de toda a força de trabalho: a taxa de desemprego no Estado alcançou 12,2% no segundo trimestre, ante 11,3% no total do País
São Paulo já responde por 25% de toda a fila do desemprego: 2,9 milhões dos desocupados de um total de 11,6 milhões de brasileiros em busca de uma vaga. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, iniciada em 2012, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados mais recentes foram publicados nesta quarta-feira, 17.
O aumento disseminado na taxa de desemprego pode ser explicado pelo enfraquecimento da indústria e pela incapacidade das atividades autônomas em absorver profissionais demitidos do setor privado, avaliou o IBGE.
Apesar de São Paulo representar aproximadamente 30% dos trabalhadores do setor industrial, o número de profissionais empregados na indústria no Estado paulista diminuiu de 3,9 milhões no segundo semestre de 2015 para 3,4 milhões no segundo semestre de 2016. Segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, essa redução de vagas no setor industrial é um dos fatores que desencadeia o crescimento no desemprego no País.
“Em São Paulo a indústria dispensou meio milhão de pessoas. Isso mostra um mercado de trabalho dispensando, com aumento de procura bastante expressivo e queda no rendimento. E se você tem menos pessoas ocupadas e um rendimento menor, ativará o ciclo vicioso (de desemprego) que se configura atualmente”, explicou Azeredo, referindo-se ao aumento na busca por trabalho num esforço de compor a renda domiciliar.
A incapacidade do setor autônomo em absorver esses profissionais foi citada por Azeredo como o outro fator que contribui para “o ciclo vicioso” que aumenta a taxa de desocupação.
O coordenador explica que com a crescente do desemprego e queda na renda, as pessoas tendem a gastar menos e, consequentemente, menos profissionais investem em negócios próprios ou em trabalhos informais. “A informalidade só vai se expandir se houver espaço para isso. Em um dado momento aconteceu, pessoas perdiam emprego com carteira e montavam seu próprio negócio, mas isso foi se desfazendo”, explica ele.
Na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2016, 263 mil trabalhadores deixaram de trabalhar por conta própria em todo o País. Ao mesmo tempo, 363 mil pessoas passaram a trabalhar sem carteira assinada no setor privado.