Mês da Mulher: “A fotografia permite arquivar um momento”

De mulher pra mulher

 

Sua afinidade com a fotografia vem desde a infância. Mais precisamente, é herança do pai: o sr. José Antônio de Morais – aquele que sempre exibia os álbuns de fotografia nos almoços em família. E foi ali, observando o pai “eternizando momentos”, “criando fragmentos” e “imprimindo histórias” que ela sentiu que “um dia também iria fotografar”. Mas o sonho ficou em segundo plano para acordar tarde depois com mais paixão.

Após alguns cursos na área, Patrícia Morais decidiu ser fotógrafa e usar a fotografia para “fazer o bem”. “Mas como?”, pensava ela… Fotografando projetos sociais, eventos beneficentes; e não cobrando por esses serviços. Mesmo assim, ainda era pouco para essa mulher inquieta, que “quer sempre fazer mais”.
Ela então desenhou o projeto “Mulheres de Pinda” – que consiste em fotografar mulheres, nascidas ou moradoras de Pindamonhangaba, sua cidade natal – e dar voz a essas mulheres, homenagear por meio de texto e imagem essas personagens.
“Eu sempre escolho fotografar mulheres com diferenciais, com histórias bonitas de superação ou que trazem reflexões, lições de vida, sabe? Sejam histórias da vida profissional, dos estudos, da arte, do esporte ou pessoas que vivem uma simplicidade tão rara que torna-se incomum. É o caso da dona Conceição, por exemplo”, relata Patrícia.
A ‘dona Conceição’ a que ela se refere é uma pessoa multitarefa, “que é dona de casa; faz faxina; limpa quintal e cuida de idosos” – ela faz parte da lista de 52 personagens que Patrícia pretende fotografar durante o período de doze meses – já que o ano tem 52 semanas, cada uma delas será representada por uma mulher.
E por que mulher? Pela representatividade!

Feminista e feminina

“Não é porque você trabalha em uma fábrica, cercada por homens que você precisa se ‘masculinizar”, usar roupas ditas masculinas ou assumir posturas de homem. Claro, que cada um usa a roupa que quiser; eu me refiro a mulheres que ‘escondem’ sua feminilidade só porque trabalha com homens. Respeito não vem da roupa que vestimos, e sim da nossa conduta, dentro e fora do trabalho, dentro e fora de casa”, afirma Patrícia – que trabalhou os últimos 10 anos em ambientes industriais – ocupando, inclusive, cargos ditos “masculinos”.
Ela conta que o preconceito existe, mas que quando a profissional é “segura de si”, tem técnica e “pulso”, ela saberá conduzir suas atividades sem se importar com as possíveis piadas e atitudes machistas.
“Quando eu ouvi a história da Zenaide, a motorista de ônibus e da Leandra, a árbitra de futebol, eu pude sentir todo o peso do preconceito e da discriminação que elas sofreram por serem mulheres ‘em cargos de homens’. Nossa sociedade ainda precisa evoluir muito para entender que não existe ‘mulher e homem’, existe o profissional que trabalha e que dá resultado. Quando isso acontecer, a diferença de salários não existirá mais, as piadas machistas não existirão mais, mulheres e homens serão tratados com respeito e dignidade”, argumenta.
Ao ser questionada se ela é feminista, Patrícia foi enfática: “ela defende pessoas, boas causas e não gêneros”. Ela conta que cria os filhos (Bruna, de 21 anos e João, de 14) – livres de rótulos e de preconceitos e que para ela, “eles precisam ser felizes, honestos e realizados”, e isso basta.

Empreendedorismo e empoderamento

Empreendedora nata, Patrícia acaba de adquirir um salão de beleza que ministra cursos profissionalizantes. Tecnóloga em Produção Industrial, a área da beleza parece que nada tem a ver com essa taurina que curte Bon Jovi, U2 e Nightwish. Mas ela diz que agora se sente completa e que também poderá oferecer “serviços do salão à instituições carentes como asilos e lares de crianças”.
Ela realmente parece que tem o dom da solidariedade. “Eu sinto que preciso fazer sempre mais, sabe? Vem aquela vontade de ajudar as pessoas, de ir aonde ninguém vai, de visitar lares e asilos e de cuidar de quem precisa”, conta.
Aos 41 anos, Patrícia diz que nunca teve “medo de se arriscar”. Que ser feliz para ela é prioridade. Se for na Engenharia, ela estudará Engenharia, se for na fotografia, ela se aperfeiçoará em fotografia, se for no ramo da beleza, ela fará cursos na área da beleza e se for para ajudar o próximo, ela estará sempre disponível.
É, parece que dona Maria Eunice soube educar bem essa menina!

  • Patrícia Morais: o gosto pela fotografia é herança de seu pai
  • Para executar o projeto ela conta com auxílio de dois parceiros: Beto e Robson Salgado
  • No “Dia da Mulher” ela foi cuidar de mulheres como dona Anésia
  • Fotografias e textos de Sebastião Salgado incentivaram a criação do projeto “Mulheres de Pinda”