NELSON PESCIOTTA: MENINO DE PINDAMONHANGABA, EMBAIXADOR DA CULTURA VALEPARAIBANA

Há 100 anos nascia em Campinas – SP, Nelson Pesciotta, filho único do alfaiate
Generoso Pesciotta e de sua esposa Hermínia.

Da infância e juventude vividas em Pindamonhangaba, numa casa de esquina do Jardim da Cascata, guardou memoráveis lembranças que sempre iluminavam os olhos do “menino” que aprendeu as primeiras letras no Externato São José e os estudos posteriores no Ginásio Municipal.

Nelson Pesciotta contava-me dos inesquecíveis dobrados da Banda Euterpe, das missas de domingo na Matriz, dos jogos de futebol nos times da Cruzada Eucarística e da Associação Atlética Ferroviária, dos doces da dona Sofia vendidos no Mercado Municipal, da espera do Rápido na Estação Ferroviária, dos primeiros flertes com Ariza, sua futura esposa e mãe de seus cinco filhos.
Ao lembrar os dias de sua juventude na sua “Paris Valeparaibana”, pairava em seu olhar um indescritível entusiasmo pela vida. Entusiasmo que me encantava. Segredo de sua longeva vida?

Entusiasmo vem do grego EN THEOS que significa “ter Deus dentro de si”. A pessoa entusiasmada era aquela preenchida por Deus e, por isso, poderia transformar a natureza em sua volta e fazer as coisas acontecerem. Só as pessoas entusiasmadas eram capazes de vencer os desafios, criar realidade, modificá-la e, sobretudo, acreditar que é possível fazer dar certo.

E foi justamente este seu entusiasmo pela cultura de sua “Princesa do Vale” que levou o jovem aprendiz de jornalismo, em parceria com Rômulo Campos D’Arace e outros companheiros, a idealizarem o Jornal “7 Dias” e o Rotary Club de Pindamonhangaba e, de modo análogo, a ministrar aulas de Filosofia no Instituto de Educação João Gomes de Araújo, atual ETEC – Escola Técnica.
O mesmo entusiasmo norteou suas ações em prol da educação e da cultura de Lorena, município em que exerceu o magistério e viveu durante 60 anos. Na cidade das “Palmeiras Imperiais” foi professor, diretor de escola, supervisor de ensino, advogado, vereador, secretário de educação e cultura.

Ao lado de outros companheiros foi um dos idealizadores do Instituto de Estudos Valeparaibanos, da Academia de Letras de Lorena, da Academia Jovem de Lorena, do Colégio Técnico de Lorena e de incontáveis ações que promoveram outros municípios do Vale do Paraíba.

Este embaixador da cultura valeparaibana, aos 90 anos, mudou-se para São Paulo e, aos 93, anunciava-nos nova mudança, daquela vez, para os EUA.

Na festa de lançamento do livro que registra a trajetória de sua vida – “Nelson Pesciotta, um educador valeparaibano”, de Olavo Rubens Leonel Ferreira – prometeu aos amigos e confrades da Academia de Letras de Lorena a continuar semeando seus sonhos! Só assim provaria para Deus que era um cidadão muito ocupado, ocupado em manter vibrante a chama divina dentro de si e dentro de nós – seus discípulos e testemunhas de seu admirável amor à educação, à história e à cultura do Vale do Paraíba!
O menino que amava Pindamonhangaba com todas as notas do seu coração, bem soube driblar a vida até seus 95 anos; faleceu em 27 de maio de 2018. Se estivesse conosco, estaríamos celebrando em 2023, com muito entusiasmo, seu centésimo aniversário!