História : No paravento da igreja Matriz “O nascimento do Menino Jesus”
Em alusão ao dia de Natal que se aproxima relembraremos a origem do paravento da porta principal da Igreja Matriz – Santuário Mariano e Diocesano Nossa Senhora do Bom Sucesso, o vitral que retrata o Nascimento do Menino Jesus.
Para tal finalidade fomos encontrar em pesquisa realizada na edição de 28/1/1984 deste jornal Tribuna do Norte, crônica de autoria do historiador Dr. João Laerte Salles (1934/2012). Ao comentar a arquitetura imponente da igreja matriz, descreve que os portais de acesso ao sagrado templo são “… elegantes portas encimadas por perfeitos arcos-plenos, que apresentam, a título de arquivoltas, elegantes cimalhas de acabamento”. Ainda sobre as portas frontais, ele conta que lembram as virtudes teologais e que elas são “as portas da Fé, da Esperança e a da Caridade”, complementando que, “…a nossa Matriz segue perfeita orientação dos dispositivos inerentes à arte sacra no tocante à construção das igrejas.”
Revela-nos o historiador, que a porta da Esperança, porta central, a mais alta, “durante muito tempo foi guarnecida de paravento de madeira envidraçado, sem nenhuma arte e nem graça”, segundo ele, “seu estilo era medíocre e incompatível com a grandeza arquitetônica da igreja”.
Relata o atento mestre da história pindamonhangabense, que no ano de 1928, quando o vigário local era o padre João José de Azevedo – e aqui ele faz questão de lembrar que o padre João depois se tornara Monsenhor e que falecera como Camareiro Secreto de Sua Santidade o Papa e Protonatário Apostólico, sendo por 50 anos o pároco de Nossa Senhora do Bom Sucesso – “resolveu dotar a Matriz de um novo paravento”, dando continuidade “à ornamentação do templo iniciada em 1925, com a reforma da igreja, que mandara proceder quando colocara na capela mor, imponentes vitrôs basculantes representativos de cenas evangélicas, todos eles importados por firma paulista, diretamente da Alemanha.”
Sobre essa importante melhoria destinada à igreja Matriz, João Salles menciona que fora com a ajuda dos fiéis, com especial participação do pindamonhangabense Dr. Eloy Marcondes de Miranda Chaves. Foi assim que o padre João conseguiu encomendar na capital, na Casa Garcia, “um paravento em ferro, com relevos em metal amarelo, com duas portas centrais e uma em cada lateral, representando, em vidros policromados, a cena do presépio e que foi inaugurado no Natal de 1929, durante as cerimônias da Missa do Galo”. Acrescenta o historiador que “a cena do presépio é tipicamente napolitana – simples e sublime. Dois anjos laterais, no corpo central do vitral, seguram uma faixa onde se lê: ‘A Igreja é outro presépio de Belém: aqui como lá nasce todos os dias Jesus nas mãos do sacerdote’. No canto direito de quem olha o vitral, a partir do centro da igreja, vê-se uma pequena arca simbolizando uma caixa de presentes do Menino Jesus, onde se lê o nome da firma que realizou o trabalho: Casa Garcia – São Paulo. Nas portas laterais, em cada uma delas, uma inscrição em faixa ‘Silêncio – ‘Oração’, sempre a lembrar ao homem que a igreja é a Casa de Deus, local de recolhimento, meditação e prece”.
Lembramos que esta crônica foi escrita em 1984, quando o pároco era o padre Benedito Gil Claro, sendo ele – afirma João Salles – o responsável, auxiliado pela fiel contribuição dos fiéis, pela restauração do paravento, que na época se encontrava em péssimo estado e foi restaurado na mesma firma onde haviam sido executados os serviços em 1928.
Concluindo seus escritos, o historiador destacava a sua opinião, como fervoroso seguidor da religião católica, a respeito do motivo escolhido para o paravento da Matriz ter sido o ‘Presépio de Belém’ “…foi muito feliz, pois, realmente Jesus nasce diariamente e isso acontecerá até o fim dos séculos, em todas as igrejas do mundo, pelas mãos do sacerdote e palavras sacramentais, revivendo sempre o fenômeno da transubstanciação com a transformação das sagradas espécies em Corpo e Sangue de Cristo e a redenção do homem e do mundo, o que só foi possível com a promessa de Deus, que fez seu filho morrer de cruz, pela redenção e salvação da humanidade.”