NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA, 300 ANOS DE HISTÓRIA E BÊNÇÃOS!

Da infância, umas das mais remotas lembranças que tenho eram minhas fugas de casa para a igreja. Era só atravessar a rua, contornar a calçada e, pelas portas do fundo, adentrar aquele santuário de silêncio e paz. Recordo que aquela menina de três ou quatro anos ficava encantada com a beleza dos santos, os lustres de cristal, os vitrais coloridos e, sobretudo, com a escultura em alto relevo sob o altar de Nossa Senhora Aparecida que, na verdade,era o chamariz de minhas visitas.
Não podia imaginar que aquela cena figurativa (o rio azul, o barco e a rede de pesca, os três homens e, na mão direita de um deles, um tesouro valioso) contasse a história do lendário Rio Paraíba do Sul e dos pescadoresque, em 1717, nele encontraram a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Hoje, revisito a pequena capelade Nossa Senhora Aparecida para recordar como fui encontrada pela força dessa imagem. E, observando-a, compreendo o milagre da obra de arte! Arte capaz de transmitir o âmago de uma história de homens simples que foram escolhidos para encontrar o corpo e a cabeça de uma escultura sacra que se transformou em símbolo de fé do povo brasileiro.
Das incontáveis bênçãos com que temos sido agraciados nesses 300 anos, certamente, a maior parte está escondida sob o “manto de fé”de pessoas humildes que encontram em Nossa Senhora Aparecidao amparo divino no altar sagrado de suas vidas!
Para saudar os pescadores do nosso tempo – homens, mulheres e crianças peregrinas -, oferto-lhes estes versos. Eles expressam o milagre dafé! Essa força espiritual que nos conduzao que há de mais divino sob o manto azul da Senhora Aparecida!

MANTO DE FÉ

Senhora Aparecida, sou peregrina em tua casa.
Chego antes de o sol raiare, aos teus pés,
deposito a minha escuridão,
o meu silêncio, a minha prece.

Se bem reparo, o teu manto é pequeno
mas ele alcança a multidão que vem ao teu encontro.
Sob teu manto azul, sou negra como tu!
Sob teu manto de fé, sou filha do Eterno como tu és!

E, antes que percebas, o que trago para ti
fecho os olhos e abro meu coração sofrido.
Deixo que minhas dores escorram pelas ruas e pelo rio
em que fostes nascida, Senhora Aparecida.

E, ao fundo das águas barrentas do Rio Paraíba,
lanço a pedra que estilhaçou minha vida em mil pedaços.
E, antes que meus pés toquem a outra margem do milagre,
tuas mãos recolhem minhas lágrimas num relicário de esperança.