Nossa Terra Nossa Gente : Nossa Terra Nossa Gente
Pindamonhangaba está esplendorosa com a florada dos ipês-amarelos! Em cada canto da cidade, o tom dourado de suas copas enfeita estradas, avenidas, viadutos, ruas, praças e calçadas. De longe avistamos os majestosos exemplares e, inúmeras vezes, alteramos nossos roteiros, apressamos o passo para contemplarmos a exuberante beleza da flor símbolo do Brasil: a flor amarela do ipê!
Infelizmente, elas caem no decorrer de uma semana, tingindo o chão com sua resignada delicadeza. Antes que o vento as leve para longe ou que a chuva acelere o desprendimento das singelas ‘cornetinhas’, apressemo-nos a contemplá-las!
Aos que chegam ao centro da cidade, as boas-vindas têm sido concedidas pelo imponente exemplar que ultrapassa o ponto mais alto do Viaduto João Kozlowski e, feito um buquê gigante, nos abraça. Em outras localidades, outras árvores explodem em flores espalhando seu amarelo cor de ouro por toda Princesa do Norte!
Esse escândalo de beleza tem me levado a outros habitats da Tabebuia o chracea, onde, ao contrário das espécies aqui cultivadas, cotidianamente elas têm sido vítimas do desmatamento e das queimadas, correndo sério risco de desaparecimento diante da inegável crise climática que ameaça o planeta.
O que faremos se daqui a uma década, as flores dos nossos ipês-amarelos não mais se abrirem? O que faremos se outras espécies de árvores e plantas não conseguirem suportar o aquecimento global e desistirem da vida em nossas cidades, florestas, na Terra?
Vamos e venhamos: as plantas estão estressadas frente à terrível ameaça. Tudo floresce quando não deveria. O próprio ipê-amarelo adiantou em mais de um mês sua florada.
A botânica e geneticista estadunidense Joanne Chory alerta o mundo de que “em 2030, veremos mudanças irreversíveis no clima que não permitirão voltar atrás”. As mudanças em nível global são gigantescas e as plantas participam da luta contra o próprio extermínio modificando suas estruturas celulares para adaptarem-se a essas exigências. Ela também adverte que estamos na iminência do “ponto de não retorno” e, consequentemente, este é “o tempo necessário para plantar tudo o que precisamos”.
O chamado à ação é para o mundo inteiro. É para cada um de nós que tem um jardim, um quintal, uma praça, uma rua, uma avenida, uma rodovia… Precisamos, urgentemente, plantar árvores! Precisamos reflorestar o mundo inteiro!
Se cada indivíduo se empenhar em plantar uma árvore, beneficiaremos não só a produção de oxigênio para os seres humanos e demais espécies como, também, a captura de gás carbônico lançado na atmosfera e, alimento primordial, como se sabe, do reino vegetal.
Verdade seja dita: as árvores poderão salvar a humanidade se a humanidade, agora, salvar as árvores!
É o que tem feito Patrick Assumpção desde que herdou de seu bisavô, Cícero Prado, a Fazenda Coruputuba: uma agrofloresta no lugar da minicidade da histórica fábrica de papel. Patrick planta árvores nativas e produz alimentos orgânicos para estabelecimentos da capital paulista. Atualmente, dos 209 hectares de sua propriedade, 79 hectares (aproximadamente 40%) ficam intocáveis com a floresta nativa.
Essa atitude ambientalista de Patrick é extremamente preciosa para a vida futura e, a exemplo dele, precisa ser seguida por todos nós por meio de ações de ‘florestamento” no mundo inteiro.
Ao saber do reflorestamento da Fazenda Coruputuba, a esperança aflorou em mim! Haveremos, sim, de plantarmos mais arvores! Haveremos, sim, de multiplicarmos a flor símbolo do Brasil!
Ipê, em tupi, significa casca dura. Conhecido também como pau d’arco, os índios utilizavam sua madeira para os arcos de caça e defesa. Façamos de seu plantio arcos de defesa ambiental – para que gerações futuras possam maravilhar-se com a inexplicável alegria que sentimos ao contemplarmos a soberana, efêmera, exuberante e cíclica florada dos ipês-amarelos com seus beija-flores, abelhas, insetos… sua preciosa vida!