História : Notas interessantes da Tribuna do Norte dos anos vintes
Nesta edição damos prosseguimento à publicação de notícias interessantes e curiosas que movimentaram a opinião dos leitores da Tribuna pelas praças, botequins, clubes, consultórios, repartições públicas etc…
Leprosos teriam invadido a cidade
Em 1927, não se sabe de quem foi a perversa autoria, jornais do Rio de Janeiro publicaram e depois foi transcrita pelos jornais de São Paulo a notícia mentirosa de que uma caravana de leprosos havia invadido Pindamonhangaba “cometendo toda a sorte de tropelias, como invasão de estabelecimentos comerciais, particulares etc”.
A nota era alarmante. Averiguada a verdade descobriu-se, já naquele tempo, que não passava de “fake news”. O jornal Tribuna do Norte (edição 21/8/1927) assim procurou esclarecer a mentirosa publicação: “Pura invencionice, gracejo de mal gosto… os pobres leprosos que de passagem por esta cidade, costumam percorrer as ruas da cidade, o fazem do modo o mais humilde. Montados em seus cavalos, nem sequer apeiam para esmolar.
“A população da cidade, com grande piedade, lastimando o abandono em que se encontram esses infelizes, por parte dos nossos dirigentes, procura na medida de seus recursos minorar as suas desditas, não negando o seu óbulo – esses infelizes não podem ficar ao desamparo”.
Concluindo, a Tribuna alertava em favor dos pobres irmãos doentes: “Urge que o governo do Estado providencie para que seus padecimentos sejam minorados num estabelecimento condigno”.
A propósito desta nota, que fora publicada também no jornal “O Correio Paulistano”, o jornalista e médico pindamonhangabense Dr. Manuel Ignacio Romeiro tratou de desmentir o acontecimento à “Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra”, então presidida pela senhora Alice de Toledo Tibiriçá, que havia solicitado tal esclarecimento.
“Tenho em mãos o ofício de vossa excelência datado de 7 do corrente pedindo esclarecimento sobre a notícia de um jornal do Rio, e transcrita nos desta capital, sobre uma ‘invasão de leprosos nesta cidade’, tudo não passou de um grande Blague, aqui não há nenhuma colônia de leprosos. A espalhafatosa notícia que grande espanto causou a esta população foi imediatamente desmentida pela classe acadêmica, em telegrama para a imprensa do Rio e pela imprensa local”.
O jornalista também confirmou aquilo que já havia esclarecido o jornal Tribuna dizendo:
“…aos domingos costuma aparecer alguns leprosos, que, de passagem para Aparecida, esmolam pelas ruas da cidade, a cavalo, humildes e respeitosos, infundindo à população grande piedade”.
Estábulos e Cavalariças no centro da cidade
Com este título a Tribuna (edição 18/2/1923) trazia o comunicado revelando o descontentamento da administração municipal com o aspecto “cidade do velho oeste” naqueles anos vintes, tendo em vista, é claro, a salubridade de determinados pontos da região central do município.
“Torna-se preciso uma providência, de quem de direito, de modo a se acabar com vários estábulos da cidade, foco de ajuntamento de nocivas moscas.
E, tendo em vista os artigos 500 e 501 do Código Sanitário que tratam desses estábulos, proibindo-os, certos estamos de uma medida aplicada contra os mesmos”.
Aviso aos fogueteiros
Os festejos de Natal e de final de ano em dezembro de 1930 devem ter sido com grande foguetório. Pra acabar com o estoque. Era prefeito o médico Dr. Lessa Junior, na época também o diretor do jornal Tribuna do Norte. Na edição do dia 7 daquele mês e ano o jornal trazia o seguinte comunicado:
“Aviso aos senhores fogueteiros e fabricantes de fogos
Por ordem desta prefeitura em cumprimento do artigo 35, parágrafo único – Letra E do Código de Posturas municipais, fica expressamente proibido a contar de 1º de janeiro próximo (1931) em diante, queimar dentro da cidade buscapés, bombas de dinamite e ‘soltar foguetes’ de modo a perturbar o sossego público.
Damos este prazo para os negociantes liquidarem o estoque e suspenderem a fabricação, após o que os vendedores serão multados em 20$000 e em reincidência sofrerão a pena de três dias de prisão.”
Devolve minha bengala
Depois da nota polêmica, uma no mínimo pitoresca publicada na edição de 21/7/1923 com o título “Bengala”: “Pede-se à pessoa que foi vista retirar, distraidamente, segunda-feira de carnaval, do balcão do botequim do Eden, uma bengala de castão de prata, chato, mandar entregá-la nesta redação, evitando assim a divulgação do seu nome, e intervenção da autoridade policial”.
Não sabemos se de fato o autor da nota sabia quem fora o autor da distração ou se estaria blefando e nem ficamos sabendo se teria ocorrido a devolução. Nas edições posteriores a Tribuna não tocou mais no assunto.