História : Notas sensacionalistas da Pinda antiga

Ainda recordando as notas sensacionalistas do jornal Tribuna do Norte, a página de História de hoje traz dois fatos policialescos ocorridos no município no início do século XX.

Crianças espancadas na rua

Em sua queixa endereçada à autoridade policial, ele pede: “Visto que a zelosa autoridade desta cidade tem dado provas e mostra-se caprichosa em dar bom desempenho ao espinhoso cargo que ora ocupa, punindo os culpados e prestando assim relevantes serviços a nossa população, é preciso também que ordene ao senhor inspetor de quarteirão do Alto do Tabau, para que ele cumpra com o seu dever fazendo com que cesse as cenas desagradáveis que se dão por aquele lado, e que sobressalta as pessoas que presenciam os espancamentos brutais de crianças em plena rua”.

Concluindo, o vizinho indignado ainda sugere: “Quando não queira proceder energicamente contra os que abusam da lei, o senhor inspector deve levar o fato ao conhecimento do excelentíssimo juiz, a fim de que sejam tomadas providências conforme determina a lei”.

Conselho Tutelar. Só foi criado quase 90 anos depois, em 13 de julho de 1990, como resultado da Lei 8.069, que instituiu o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Segundo o ECA, os Conselhos Tutelares são órgãos municipais destinados a garantir o cumprimento dos direitos da criança e do adolescente previstos no estatuto.
(Conquistas do ECA: criação do Conselho Tutelar)

Inspetor chicoteava menores

Outra relacionada à figura do inspetor de quarteirão. Nesta não é mencionado o bairro que ele atuava, mas seu nome completo. A nota saiu na edição de 14 de julho de 1907 da Tribuna, assim publicada:

“No dia 8 compareceu perante esta redação o liberto Constantino Moreira dos Santos, queixando-se do inspetor de quarteirão Honório Ramos dos Santos, que, na noite de 7, às 9 horas, encontrando-se com seu filho menor de nome Honorato, fê-lo recolher-se para casa, de um modo realmente pouco aceitável, dando-lhe chicotadas e tão fortes que fizeram o rapaz ir em prantos queixar-se a seus pais”.

É curioso que na data em que ocorreu este fato já lá iam quase duas décadas da Libertação da Escravidão no Brasil, mas ainda usavam o termo “liberto” para identificar determinadas pessoas. Seria o caso “do liberto Constantino”.

O então redator do jornal, algo irônico, comentou o acontecimento: “Se pega a moda desse novo método de fazer intimações estamos perdidos”.

Inspetor de Quarteirão. Para garantir a lei e a ordem em lugares povoados, em 1832 surge a figura do Inspetor de Quarteirão, que era um morador do próprio quarteirão que recebia uma parcela considerável de poder para coibir a prática de atos delituosos, devendo zelar pelas propriedades e pelo sossego de todos que moravam em seu quarteirão. Segundo o contexto do Código de Processo Criminal de 1832, eles tinham autoridade para efetuar prisões em flagrante, para admoestar e, até mesmo, para obrigar a assinar “termos de bem viver” a todos aqueles que, de uma forma ou de outra, viviam pelas ruas ofendendo os bons costumes e perturbando o sossego público, como os vadios, mendigos, bêbados, desordeiros e prostitutas. Em suma, os inspetores eram a primeira instância do policiamento em seus quarteirões.
(COLUNA NOSSA HISTÓRIA – http://colunanossahistoriakotoviski.blogspot.com)

Beijos beneficentes

Pra concluir nossa página de hoje, uma nota pra descontrair e atestar a importância de uma beijoca beneficente. É da edição de 12/10/1913 da Tribuna, só não consta a fonte da qual foi republicada esta nota interessante que, originariamente, saiu assim intitulada:“Um dólar por um beijo – Como se sai de um aperto”

“Dizem de Nova York que necessitando a administração de um hospital da soma de 10.000 dólares, a fim de proceder umas obras urgentes naquele estabelecimento de caridade, teve a ideia de anunciar o seguinte:

‘Cada pessoa que desse um dólar para aquele fim, tinha o direito de depor um beijo no rosto de uma formosa “miss” (na língua inglesa é forma de tratamento formal que antecede o sobrenome ou nome completo de uma mulher solteira), a sua escolha entre seis que se prestaram a concorrer com as suas lindas faces para tão singular subscrição.

Conta a Tribuna que segundo uma folha novaiorquina, “à hora marcada para o início, multidão numerosa se encontrava no hospital”. Não era novidade naquele tempo e nem seria hoje, o fato dessa multidão contar com “…uma boa porcentagem de velhotes”.

Entretanto, o mais interessante foi quanto ao tempo necessário para que o objetivo da campanha fosse alcançado, conforme o artigo: “Ao cabo de duas horas estavam já subscritos os dez mil dólares e as seis misses tinham as faces vermelhas como a papoula, de tantas beijocas…”
Só uma dessas lindas senhoritas recebeu, conclui o artigo:“…nada menos de cerca de 1.700 beijocas!”

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