Editorial : Novembro é azul

Estamos no Novembro Azul, mês de conscientização e combate ao câncer de próstata, e já começamos esse texto com a estimativa de que só esse ano serão registrados 65 mil novos casos da doença no Brasil. Apesar da projeção do Instituto Nacional de Câncer (Inca), especialistas destacam que a doença tem 90% de chance de cura quando diagnosticada precocemente.

De fato, o câncer de próstata segue como o segundo mais comum entre homens no País e corresponde a cerca de 29% dos tumores malignos dessa parcela da população. Contudo, dados da Sociedade Brasileira de Urologia mostram que dois terços dos homens com mais de 40 anos não realizam exame de toque e metade jamais fez teste de PSA – exame de sangue usado para ajudar no diagnóstico.

A SBU registrou uma queda de 21% nas biópsias e de 27% no exame de sangue entre 2019 e 2020. Já com a pandemia, números do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que as consultas urológicas diminuíram em 33,5%. Tudo isso mostra um cenário de retrocesso nos cuidados com a saúde masculina, em especial no que diz respeito à próstata.

É sempre importante frisar que a ausência de sintomas não pode ser encarada como sinal de que não existe problema e de que não há necessidade de fazer consultas regulares. Eventualmente, podem surgir problemas como dores intensas, alterações urinárias e até insuficiência renal. Porém, na maioria dos casos, esses sintomas ocorrem já em etapas avançadas da doença.

Sendo assim, além dos exames regulares a partir dos 40 anos de idade, também é importante estar atento a fatores de risco que podem aumentar as chances como histórico familiar, sedentarismo, obesidade, alimentação rica em gordura animal e deficiente em frutas, legumes, verduras e grãos, e avanço da idade.

Para todos os efeitos, os urologistas ressaltam que há mais por trás da visita regular ao consultório. Embora o câncer de próstata seja uma ameaça à saúde masculina, também é fundamental avaliar a presença de outras doenças da próstata, além de cálculos urinários, problemas hormonais, disfunção erétil, entre outras.

Segundo os especialistas, fatores como machismo, falta de prioridade com a saúde, falta de informação e, consequentemente, medo de dor ou de descobrir doenças ainda são obstáculos que afastam os homens do consultório. Vencer essa barreira é fundamental para mudar o quadro atual em que 1 em cada 7 homens deve ser vítima da doença.