Vanguarda Literária : O BRILHANTISMO DE MANUEL BANDEIRA

* O autor é médico, mestre e doutor pela USP, professor universitário, Magister ad Honorem da Universidade de Bolonha, e Professor Visitante das Universidades de Bonn,  Munique, Colônia e Berlim (Alemanha). Professor Convidado da Universidade de Paris V (Sorbonne)

A Festa Literária Internacional de Parati (Flip), que se realizou de 1º a 5 de julho do ano de 2013, homenageou um dos mais queridos e importantes poetas da nossa História Literária: Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho, ou simplesmente Manuel Bandeira.
Nascido em Recife no dia 19 de abril de 1886, transitou por diferentes vertentes literárias escrevendo contos, prosa, crônicas, crítica literária e traduziu obras marcantes da Literatura e do Teatro Mundial. Publicou obras inesquecíveis como: ”A Cinza das Horas” (1914), ”Carnaval” (1915), ”Ritmo Dissoluto” (1924), “Libertinagem” (1930), ”Itinerário de Pasárgada” e “De Poetas e Poesia” (1954). A sua obra traz ao mesmo tempo sentimentos ambíguos, com angústia, melancolia, esperança e alegria de viver, certamente reflexos psicológicos da tuberculose que o acometeu na primavera da vida, aos 27 anos de idade, que o fez percorrer vários centros especializados em busca da sua cura, inclusive o famoso sanatório Cladavel na Suíça.
Foi muitos poetas em um só: o simbolista, o modernista, o poeta do cotidiano e místico, de forte inspiração religiosa. Na sua poesia havia, portanto, espaço para todas as lembranças da infância, as situações da vida real, as que só existem em sonho, como aquela cidade mágica – Pasárgada, na qual, um homem simples podia ser amigo do rei. Que poeta não gostaria de ter escrito o seu “ Último Poema”, “que fosse ardente como um soluço sem lágrimas ou que tivesse a beleza das flores quase sem perfume”?
Guardo, na lembrança, alguns versos que escreveu para o seu amigo, o grande Mário Quintana, um primor de construção poética com belas aliterações e assonâncias:

“Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares!

Quinta-essência de cantares…
Insólitos, singulares…
Cantares? Não! Quintanares!

Por isso, peço, não pares,
Quintana, nos teus cantares…
Perdão!Digo: Quintanares!”
Professor universitário, catedrático na Faculdade Nacional de Filosofia era um erudito, muito acessível e querido pelos seus alunos. Deixou uma extensa obra como legado, entretanto, a maior delas foi, certamente, a simplicidade da sua vida e da sua Poesia. Ensinou ao nosso Brasil que escrever simples e claro é uma virtude. Deixou-nos em 1968, mas, a sua poesia (que foi inclusive precursora do Modernismo) continua atual, inspiradora, uma verdadeira escola para as novas gerações.

  • O poeta Manuel Bandeira